terça-feira, 16 de setembro de 2014

O Presidente da República, José Mário Vaz, exonerou o general António Indjai do cargo de (CEMGFA), de acordo com um decreto presidencial.

O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, exonerou ontem segunda-feira o general António Indjai do cargo de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), de acordo com um decreto presidencial.


O líder militar esteve à frente do golpe de Estado de 2012 e a sua substituição era admitida por círculos políticos e militares na sequência da eleição de novas autoridades, que tomaram posse em junho e julho.

"É o general António Indjai exonerado do cargo de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas. Este decreto entra imediatamente em vigor", referem os dois únicos artigos do decreto presidencial lido pelas 21:30 de segunda-feira na Rádio Difusão Nacional.


O decreto é justificado "considerando que o processo de transição política terminou com a tomada de posse de órgãos de soberania democraticamente eleitos", refere o parágrafo que introduz os artigos.

De acordo com fonte presidencial, José Mário Vaz deverá marcar para hoje o Conselho Nacional da Defesa para realizar auscultações com vista à nomeação de um novo CEMGFA.

António Indjai era vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e passou a liderar os militares guineenses quando a 01 de abril de 2010 destituiu o então CEMGFA, Zamora Induta - tendo também detido, por algumas horas, o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, em mais um episódio da crónica instabilidade política e militar do país.

Entre outros motivos, Indjai acusou Induta de desrespeito às normas militares e uso de bens do exército em proveito próprio.

A 12 de abril de 2012 e após vários momentos de tensão com o governo, o general liderou os militares num golpe de Estado em que depôs o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e o presidente da República interino, Raimundo Pereira.

Na altura, acusou-os de prepararem a entrada de forças militares estrangeiras no país, ao passo que os governantes diziam querer garantir a estabilidade no país.

O golpe de 2012 acabaria por interromper a segunda volta das eleições presidenciais.

A 18 de abril de 2013, António Indjai foi acusado pela justiça dos EUA de participação numa operação internacional de tráfico de drogas e armas, acusação que se mantém, recaindo sobre o general um mandado de captura norte-americano.

A acusação surgiu depois de um antigo líder da Marinha guineense, Bubo Na Tchuto, ter sido detido dias antes, a 04 de abril, em águas internacionais, perto de Cabo Verde, por uma equipa da agência de combate ao tráfico de droga norte-americana, juntamente com outros quatro guineenses.

Indjai permaneceu em Bissau e tem o seu papel tem sido comentando por diferentes figuras nos últimos meses.

Em junho, o então representante das Nações Unidas no país, José Ramos-Horta, defendeu o levantamento das sanções internacionais contra o general considerando ser a melhor forma de agir, "com pragmatismo e prudência, na reforma das forças armadas e na consolidação da estabilidade política no país".

Outra referência a Indjai foi feita por Elisabete Azevedo-Harman, analista da Chatham House, considerando que "o mandado de captura norte-americano pode precisar de ser atenuado, talvez mostrando através de canais diplomáticos que ele não será ativamente perseguido desde que permaneça em Bissau".

Num texto de análise publicado em maio no portal do Instituto Real de Relações Internacionais britânico, aquela investigadora em assuntos africanos acredita que vai ter quer ser "moldado um compromisso" para os militares se afastarem da esfera política e cortarem ligações com o crime organizado.

Lusa

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