sexta-feira, 16 de março de 2012

Presidenciais de domingo, novo teste para a estabilidade

Bissau – Pelo menos 579.000 eleitores da Guiné-Bissau são chamados domingo a votar para designar  o sucessor do presidente Malam Bacai Sanha falecido em Janeiro, um escrutínio teste para um país que continua instável apesar dos recentes progressos económicos.

Segundo a AFP, a campanha que termina sexta-feira desenrola-se sem incidentes maiores, com um desdobramento de meios surpreendentes num país pobre.

Nove candidatos concorrem para dirigir essa ex – colónia portuguesa de mais de 1,6 milhões de habitantes tornada
independente em 1974 após uma luta armada e que conheceu desde golpes de Estado abortados ou bem
sucedidos a tumultos e violências.

Os favoritos são o ex – Primeiro – ministro Carlos Gomes Júnior, 62 anos, candidato do Partido africano para a Independência  da Guiné –Bissau e de Cabo Verde (PAIGC, no poder )  e o ex - presidente Kumba Yala, 59 anos, do Partido da renovação social (PRS, oposição).

Vários partidos da oposição contestam a candidatura de Carlos Gomes, Primeiro – ministro até início de Fevereiro, que o censuraram de estar na corrida antes de se demitir do seu posto transgredindo a Constituição.

É também acusado de aproveitar os meios do Estado para se assegurar uma vitória na primeira volta. O opositor Braima Alfa Djalo, que foi o segundo candidato, retirou-se da corrida denunciando uma fraude em preparação.

Segundo a AFP, a escolha de Carlos Gomes não foi por  unanimidade no seio do seu partido. Dois dos seus camaradas do PAIGC apresentam-se independentes: Manuel Serifo NHamadjo, presidente interino da Assembleia nacional e Baciro Dja, ministro da defesa.

Kumba Yala havia sido eleito em Janeiro de 2000 para cinco anos mas o seu mandato, marcado pela instabilidade, foi interrompida por um golpe de Estado militar em 2003. Fracassou depois nas eleições de 2005 e em 2009.

Henrique Rosa, 66 anos, que foi presidente de transição de 2003 a 2005, apresenta-se independente e poderá obter uma boa pontuação. A sua presidência permitiu ao país reatar com os parceiros internacionais, contribuidores ao orçamento de Estado e entre os quais os salários dos funcionários.

De acordo com a AFP, quase todos os candidatos, estão engajados a fazer tudo ou melhor que Malam Bacai Sanha, eleito presidente em Julho de 2009, falecimento a meio do mandato a 9 de Janeiro em Paris. Em dois anos e meio ele prometeu ao Estado progredir economicamente.

“A Guiné-Bissau começou um novo ciclo económico marcado por uma anulação da sua dívida externa e pela adopção de uma estratégia de desenvolvimento económico”, constatava no fim de Dezembro o Fundo monetário internacional (FMI).

Sanha foi igualmente saudado como o artesão de uma relativa estabilidade política agitada entretanto por duas sobressaltos maiores: Uma guerra de chefes militares em Abril de 2010, um ataque de militares contra outros, apresentando como uma tentativa de golpe de Estado em Dezembro de 2011.

Actores políticos e parceiros do país, entre os quais a ONU, multiplicam os apelos à pacificação e ao prosseguimento sem incidentes do processo eleitoral que compreende também as legislativas no final de 2012.

As presidenciais serão supervisionadas por 80 observadores da Comunidade económica dos Estados da África do Oeste (Cedeao), dirigidos pelo ex - presidente nigeriano de Transição, Salou Djibo.

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