Os cinco candidatos às eleições presidências da Guiné-Bissau de dia 18, que querem a anulação do escrutínio, apelaram hoje «à calma e serenidade» do povo guineense perante os «discursos retrógrados e incendiários» do «regime de Carlos Gomes Júnior».
Nas eleições de dia 18 Carlos Gomes Júnior, líder do maior partido (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC) e até agora primeiro-ministro, saiu vencedor, com Kumba Ialá, do segundo maior partido (Partido da Renovação Social, PRS) a ficar em segundo lugar.
Kumba Ialá recusou-se a ir a uma segunda volta nas eleições. Com mais quatro candidatos (Serifo Nhamadjo, Henrique Rosa, Afonso Té e Serifo Baldé) exigiu a anulação do escrutínio e denunciou uma fraude generalizada nas eleições. Na última sexta-feira, os cinco apresentaram as alegadas provas junto da CNE - Comissão Nacional de Eleições.
Hoje, em conferência de imprensa, representantes dos cinco candidatos acusaram a directoria de campanha de Carlos Gomes Júnior de sistematicamente «fazer recurso à lógica do medo, através das rádios e da televisão, nacionais e estrangeiras, para criar um clima de terror junto das populações, a fim de desviar as atenções das suas responsabilidades na máquina fraudulenta que implantaram no processo de votação».
O governo de Carlos Gomes Júnior tem responsabilidades nesse processo, disse Victor Pereira, do PRS, explicando que foi um organismo do Ministério da Administração Territorial que organizou o processo.
E «de forma premeditada e fraudulenta orientou os administradores sectoriais e respectivos secretários na emissão de dois modelos diferentes de novos cartões de eleitor e adulterou os cadernos eleitorais, como também procedeu à actualização dos cartões fora do prazo estipulado, inclusive no próprio dia da votação», afirmou.
O responsável negou também que tenham sido os partidos os responsáveis pela marcação das eleições para dia 18, uma prerrogativa apenas do Presidente interino, e acusou Carlos Gomes Júnior de «confundir e privilegiar relações pessoais com Angola e Portugal».
«Como tem sido hábito do primeiro-ministro/candidato Carlos Gomes Júnior e do seu governo, o recurso à violência é uma constante, aliás provada nos assassínios de 2009 nas pessoas de Tagmé Na Way, Nino Vieira, Hélder Proença e Baciro Dabó, na execução do major Iaia Dabó, e mais recentemente na morte bárbara e violenta do major Samba Djaló, personagem chave para esclarecimento dos assassínios políticos de 2009», disse.
Lusa
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