Bissau - A organização não-governamental espanhola, Povos Em Marcha, defende o encerramento imediato do maior hospital da Guiné-Bissau, o Simão Mendes, "por falta de condições de higiene" para o atendimento dos pacientes noticia hoje (terça-feira) a LUSA.
A denúncia é de Francisco Javier Fernandes, secretário-geral da ONG Espanhola, Povos em Marcha, envolvido numa polémica com o diretor do hospital de referência da Guiné-Bissau, Agostinho Semedo.
"Não se pode trabalhar aí. Isto não pode manter aberto como um hospital", declarou Francisco Javier, referindo-se às "péssimas condições de higiene" que, diz, o hospital apresenta.
O responsável observou que é um hospital que deve ser encerrado porque não reúne nenhum tipo de condição de higiene para a assistência sanitária, por iso, devia ser encerrado.
Francisco Fernandes trabalha na Guiné-Bissau desde 2003.
"Com os danos e erros que esse hospital causa às pessoas, este país não teria dinheiro para pagar as indemnizações que seriam pagas se fosse caso para isso", notou ainda Francisco Javier.
Em resposta, o diretor do Simão Mendes, Agostinho Semedo, diz que "a ira desse senhor" contra o hospital e a sua direcção prende-se com o facto ter sido solicitado a apresentar documentos que provem que ele é médico.
"Não podemos aceitar que alguém venha para aqui e se aproveita das nossas carências para fazer gato-sapato de nós só porque tem equipamentos e diz logo que pode tratar os nossos pacientes sem que tenha os conhecimentos na área da medicina", afirmou Agostinho Semedo.
"Conheci o senhor Francisco Javier como angariador de equipamentos na Europa para oferecer aos diferentes países do mundo. Não sabia que ele era médico, até já nos ofereceu equipamentos. Tanto ele como os outros elementos da sua equipa nunca provaram, com certificado ou diploma, que na realidade não médicos", acrescentou o director do Simão Mendes.
Por seu lado e sem confirmar se possui habilitações na área da medicina, Francisco Javier diz que, por estar a trabalhar no Simão Mendes desde 2003, não precisa de provar nada através de documentos.
Na realidade o hospital apresenta carências visíveis. Mas, o director afirma que tudo se deve ao facto de a unidade estar a ser alvo de "importantes obras", com a construção de novos pavilhões e encerramento de alguns.
Com fundos do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), o hospital tem vindo a ser remodelado, por dentro, e se tudo correr como previsto terá novos pavilhões e salas de atendimento em 2012.
Alguns serviços, como a maternidade e a pediatria apresentam sinais de sobrelotação. Vêem-se crianças e acompanhadas das suas mães nos corredores dos dois serviços.
Há um cheiro fétido percetível nos corredores sobretudo quando se aproxima das casas de banho da maternidade ou da pediatria. O diretor do hospital não esconde a realidade e admite as dificuldades.
"Não podemos escamotear a realidade dos factos. Admitimos sempre. Temos aqui imensas dificuldades em termos de alimentação para os doentes.
Não temos material de higiene, não é segredo para ninguém", afirma Agostinho Semedo.
O director disse que esse senhor sempre soube dessas dificuldades, nunca disse nada, até chegou a comparar o nosso hospital com um hospital dos Estados Unidos. Agora, como foram acossados, por causa da documentação, saiu-se com essa de falta de condições e que o hospital devia ser encerrado.
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