O cansaço das equipas médicas que estão a tentar combater o vírus Ébola é o principal desafio que as organizações no terreno estão a enfrentar, disse à agência Lusa uma porta-voz a Organização Mundial de Saúde (OMS) em Conacri.
"O maior desafio é que os prestadores de cuidados de saúde estão a ficar exaustos. Tem trabalhado durante muito tempo e em condições difíceis", referiu Nyka Alexander, porta-voz do centro de coordenação da OMS para o combate ao Ébola na sub-região (Giné-Conacri, Serra Leoa e Libéria).
Ao contrário do que já aconteceu noutros surtos, "não tem sido um trabalho curto e rápido, tem sido longo e doloroso e as pessoas precisam de ser apoiadas como nunca antes visto numa epidemia", acrescentou.
A OMS declarou na sexta-feira que a situação é uma "emergência internacional de saúde pública" e Nyka Alexander espera que isso signifique "que haja ainda mais países prontos a ajudar".
A epidemia "ainda não começou a abrandar", verificando-se que nalguns locais "estabiliza", mas ao mesmo tempo surgem "mais casos" noutros.
"Ainda há pessoas morrer", realça, sem querer arriscar previsões sobre o evoluir da situação.
Para além da necessidade de reforçar as equipas no terreno, a porta-voz da OMS refere que são necessários outros recursos e financiamento.
"Há novos centros [de tratamento de Ébola] a ser instalados e os trabalhadores locais tem que ser pagos. Há um esforço enorme a fazer e ainda não chegámos lá", sublinhou.
A aplicação das ajudas deve ter como prioridade "os sítios onde é preciso cortar as cadeias de transmissão" da doença.
Para países que acompanham a epidemia com preocupação, como Portugal, Nyka Alexander sugere que haja uma mobilização "realista" das autoridades e população para tentar fortalecer a frente de ataque na África Ocidental.
"É importante que as pessoas prestem atenção, porque para os que sofrem é determinante saber que não estão esquecidos pelo resto do mundo", referiu.
Por um lado, são bem-vindas "doações a organizações médicas" e "a quem está no terreno", por outro, a porta-voz da OMS pede à população que "encoraje o governo [de cada país] a continuar a suportar o sistema das Nações Unidas, que está a ajudar a responder" ao problema.
"Deve-se ser realista, não preocupar com ameaças que não estão à volta, mas sim com as pessoas que enfrentam a doença diretamente", concluiu.
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