Melhorar a assistência, a limpeza e as refeições servidas aos pacientes são as três prioridades da nova ministra da Saúde da Guiné-Bissau, Valentina Mendes, para os hospitais do país, disse a governante em entrevista à agência Lusa.
"Primeiro pretendemos atacar a área da assistência e atendimento. Depois, sobretudo em Bissau, temos graves problemas de limpeza e de saneamento", referiu.
"Um terceiro aspeto é a cozinha: os grandes hospitais não confecionam uma dieta adequada para os doentes", sublinhou a governante que é médica pediatra há 22 anos e que antes de entrar no Palácio do Governo exercia no Hospital Simão Mendes - a principal unidade pública de saúde da Guiné-Bissau, mas que funciona em condições precárias.
"Sou otimista, mas não vou aventurar-me aqui a dizer que num ano ou dois" as situações se resolvem, acrescentou.
"Durante esses quatro anos de governo vamos tentar melhorar" as necessidades mais urgente. "Vamos conseguir. Depois é que acho que daremos já uma resposta bem firme" em termos de saúde pública, destacou a ministra da Saúde.
Valentina Mendes e os restantes membros do governo tomaram posse a 03 de julho como o primeiro executivo eleito depois do golpe de Estado de abril de 2012 e que segundo entidades internacionais encontrou um país de rastos em todos os setores.
A médica que tutela a Saúde acredita que parte da inoperância dos serviços públicos nesta área se deve aos atrasos no pagamento de salários, mas considera que a mentalidade dos funcionários também pode ser um problema.
"Temos que mudar a mentalidade dos servidores de saúde. Nós jurámos dar vida e fazer o que seja necessário para que esta seja preservada", destacou a ministra.
"Quando saio de minha casa para trabalhar, tenho que o fazer independentemente de me terem pago o salário ou não. Se vou para reivindicar lá no serviço, enquanto devia estar no meu posto, prefiro ficar em casa", ilustrou.
O governo já anunciou que durante o mês de agosto vai regularizar o pagamento de salários em atraso em todos os setores públicos, ponto a partir o qual a ministra acredita que o cenário poderá evoluir com diálogo entre tutela e funcionários e "responsabilizando" quem não cuida bem "da coisa pública".
A esperança média de vida à nascença na Guiné-Bissau é de 47 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos indicadores mostram que ter saúde no país é quase um luxo.
Abundam os casos de paludismo, doenças diarreicas, SIDA e há um ciclo quase estabelecido de epidemias de cólera, "o que constitui uma situação de emergência no país", refere a organização.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em cada mil crianças 63 morrem com menos de um ano - uma taxa de mortalidade infantil quase 20 vezes superior à que se regista em Portugal, por exemplo.
Mais de dois terços da população da Guiné-Bissau vive com menos de um dólar por dia e 65 por cento dos 1,7 milhões de habitantes não sabe ler nem escrever, de acordo com os dados da OMS e de outras agências internacionais.
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