Nova Iorque - O Primeiro - ministro da Guiné-Bissau afirmou (sexta-feira) no Conselho de Segurança das Nações Unidas que o seu país "não é um Estado falhado", e pediu apoio da ONU para negociações com a União Europeia, que ameaça cortar ajudas.
"A instabilidade e crises cíclicas não podem ser vistas como um destino. A Guiné-Bissau não é um estado falhado. Reconhecemos a fragilidade das nossas instituições, mas estamos empenhados em continuar com reformas estratégicas abrangentes, aumentar o combate ao tráfico de droga e promover o crescimento económico durável e sustentável", disse Carlos Gomes Júnior.
Numa altura em que decorrem consultas com Bruxelas sobre a manutenção da ajuda ao país, o governante disse ser importante que a União Europeia continue o seu trabalho "extremamente positivo no país, que contribui para mudar para melhor a vida dos guineenses" e que Bissau "conta com o apoio da ONU e dos membros do Conselho de Segurança nas 'démarches' a começar em breve com a União Europeia".
"Temos uma agenda muito ambiciosa para o nosso país, mas a sua concretização depende da junção de esforços internos e externos. Insistimos na necessidade de maior envolvimento da comunidade internacional", adiantou.
Um ponto central das preocupações da comunidade internacional é a independência do poder político face aos militares, bem como a oposição destes à reforma do sector de Defesa.
"Andar para trás e para a frente no processo de consolidação democrática pode causar algumas reservas na decisão de alguns parceiros continuarem a dar o apoio que prestam", reconheceu o chefe do governo da Guiné-Bissau.
Gomes Júnior encontrou-se em Nova Iorque com o secretário-geral da ONU e participou quinta-feira numa reunião da comissão para a paz na Guiné-Bissau, presidida pelo Brasil.
Ao Conselho de Segurança, onde esteve hoje pela primeira vez, o líder guineense assegurou que nos próximos meses as prioridades de Bissau vão continuar a ser as reformas na Segurança e Defesa Justiça e Administração Pública, "para assegurar estabilidade" no país.
Deixou críticas à "falta de recursos financeiros ou o seu condicionamento" pela comunidade internacional, "principal obstáculo a influenciar negativamente a dinâmica do processo".
"A Guiné-Bissau tem de conduzir processo de reforma. Só com apropriação desse processo pelos guineenses a reforma pode ter sucesso", adiantou Gomes Júnior.
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