Bissau - Trinta e oito porcento das crianças da Guiné-Bissau sofrem de má nutrição, sobretudo nas zonas leste e centro do país, disse à Agência Lusa a directora dos serviços de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Ivone Moreira.
A responsável falava à Lusa, domingo a noite, no encerramento do primeiro festival nacional de nutrição infantil, organizado durante três dias pelo Ministério da Saúde guineense e pela Fundação para Cooperação, Saúde e Política Social de Espanha (FCSAI).
De acordo com as explicações de Ivone Moreira, o aumento da má nutrição na Guiné-Bissau deve-se à subida dos níveis da pobreza absoluta no país, associada aos costumes das populações que levam a uma "alimentação sem regras ou descuidada".
"Há uma grande falta de informação das populações sobre a forma correcta de alimentação. A Guiné-Bissau até tem produtos suficientes para uma boa alimentação, mas o que acontece é que existe uma alimentação sem regras ou descuidada o que acaba por levar a má nutrição", das mães e das crianças, assinalou Ivone Moreira.
A responsável da saúde pública deu como exemplo os mitos que as populações defendem na Guiné-Bissau quando o assunto é a alimentação das mulheres grávidas.
"Diz-se que uma mulher grávida não deve comer pão porque a criança nasce forte demais, ou que uma grávida não pode comer carne, banana ou ovo de galinha, porque a criança pode ter problemas nos olhos ou pode vir a ser ladrão.
É tudo mito", afirmou Ivone Moreira.
A directora que cuida dos assuntos da alimentação e nutrição no Ministério da Saúde guineense falou do mito que existe no país em relação ao consumo da banana pelas mulheres grávidas.
"A nossa população acredita que uma grávida não pode comer banana porque pode ter problemas no trabalho do parto, porque, alegadamente, os músculos podem ficar moles na hora do parto", disse Ivone Moreira.
Além desses mitos, a responsável apontou ainda a forma errada como as mães dão alimentos às suas crianças, ou na altura errada ou de forma exagerada.
Ivone Moreira citou o 'badadji' (uma espécie de sopa doce feita à base de arroz ou milho) que em nenhum momento pode ser dada à criança com menos de seis meses de vida.
"Até aos seis meses, a criança apenas deve tomar o peito da mãe, mas a nossa gente dá agua e até o 'badadji', o que é errado", assinalou Ivone Moreira.
A portuguesa Joana Martins, coordenadora do projecto para reforço do sector da saúde da Guiné-Bissau, da FCSAI, corroborou as explicações da responsável guineense e acrescentou que o país tem produtos que podiam potenciar uma alimentação saudável.
"Com os produtos da terra pode-se comer muito bem e desenvolver a saúde física e mental das crianças" do país, notou Joana Martins, a dinamizadora do festival nutrição infantil, que juntou, no fim de semana, artistas e grupos tradicionais guineenses.
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