sábado, 17 de outubro de 2009

Presidência garante normalidade na zona da fronteira com Senegal

Bissau- A presidência guineense anunciou hoje que a situação na fronteira entre a Guiné-Bissau e o Senegal "é de normalidade" e que as autoridades fronteiriças dos dois países devem reunir-se na próxima semana para analisar "eventuais diferendos".


Em declarações aos jornalistas, o porta-voz do Presidente da Guiné-Bissau, Agnelo Regalla, afirmou que essa era a principal conclusão do encontro realizado hoje na presidência da República, entre o chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá, com alguns ministros e as chefias militares.

Nos últimos dias, viveu-se alguma tensão na zona da fronteira norte da Guiné-Bissau e o sul do Senegal, com notícias que indicavam a presença de soldados do Senegal numa parcela do terreno da Guiné-Bissau.

Fonte militar admitiu quinta-feira que a guarda fronteiriça estava em estado de alerta na região de São Domingos, a 25 quilómetros de Ziguinchor, capital de Casamance.

Hoje, Malam Bacai Sanhá convocou uma reunião para ouvir dos seus emissários ao Senegal (o ministro da Defesa, Artur Silva e o director do seu gabinete, Alberto Batista) o que conversaram com o presidente senegalês em relação à situação na fronteira.

De acordo com Agnelo Regalla, os dois emissários do presidente guineense foram tranquilizar o presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, de que não existem bases dos independentistas de Casamance em território da Guiné-Bissau.

"Foram informar o Presidente Wade das diligências feitas pelas nossas autoridades em relação aos problemas da fronteira que apontavam para a existência de algumas bases rebeldes no nosso território o que após as mesmas diligências não se confirmou ser verdade", disse Regalla.

Ainda segundo o porta-voz da presidência guineense, Malam Bacai Sanha aproveitou a oportunidade para informar aos presentes que propôs ao seu homólogo senegalês a realização de um encontro na próxima semana, em São Domingos, entre as autoridades fronteiriças dos dois países para que possam ser "dirimidos eventuais problemas".

"O Presidente propôs ao Presidente do Senegal que fosse realizada uma reunião entre as autoridades fronteiriças da Guiné-Bissau e da República do Senegal, encontro que deverá decorrer em princípio na próxima semana, em São Domingos", a cerca de 100 quilómetros de Bissau, indicou Agnelo Regalla.

"O encontro visará, naturalmente, debater e procurar sanar eventuais problemas que possam existir ao nível da fronteira", precisou o porta-voz da presidência guineense.

Agnelo Regalla sublinhou que o presidente da Guiné-Bissau lembrou que o país deve manter uma postura que possa conduzir a uma solução pacífica em relação ao conflito de Casamance, onde uma rebelião armada luta há mais de 20 anos pela independência desta região do Senegal.

Questionado sobre se existe ou não violação ou ocupação do território da Guiné-Bissau pelo exército senegalês, o porta-voz da presidência guineense desmentiu tal facto, mas sublinhou que têm ocorrido incidentes entre os rebeldes e militares do Senegal, no território senegalês.

"Neste momento não se pode afirmar que haja violações. Têm ocorrido incidentes no território senegalês, entre alas do Movimento das Forças Democráticas de Casamance (MFDC) e militares do Senegal, nada que tenha haver com o território da Guiné-Bissau. Na eventualidade de problemas que possam subsistir serão analisados nesse encontro entre as autoridades dos dois países", esclareceu Regalla.

"A delimitação da fronteira foi feita de acordo com normas internacionais, mas em caso de existir qualquer violação da fronteira essa questão será dirimida de forma pacífica entre as partes", acrescentou Regalla respondendo à questão sobre a existência de uma base militar do exército senegalês e construções de unidades hoteleiras no território guineense.

"Não há qualquer tensão militar entre a Guiné-Bissau e o Senegal. As coisas decorrem de forma normal, sendo tomadas as preocupações normais tendo em conta os incidentes que têm ocorrido junto à nossa fronteira, mas sempre em território do Senegal", disse ainda o porta-voz.

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