sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Bissau - Sem surpresa, a situação crítica na vizinha República da Guiné-Conacri foi o tema dominante esta semana na imprensa guineense. O dia da celebração da independência nacional também mereceu destaque.
No Diário Bissau a manchete «Oposição denuncia morte de, pelo menos, 157 pessoas», é capa, ilustrada com imagens de alegadas agressões de militares a civis e de Moussa Dadis Camará a sorrir envergando a boina do Exército guineense de Conacri. No final da notícia do lê-se, que os cidadãos da Guiné-Conacri residentes em Bissau, se mantinham na terça-feira, atentos às estações de rádio, enquanto esperavam em frente da embaixada do país o recenseamento para as presidenciais de Janeiro.

Questionado sobre a situação no seu país, um dos cidadãos canacri-guineenses à frente da representação diplomática disse que «os militares devem ir para o seu sítio. A política é dos civis», cita o jornal.

O semanário Diário Bissau recorda que na Guiné-Conacri, os nove milhões de habitantes, estão divididos em três etnias predominantes nomeadamente, fulas (45 por cento), malinkés (ou mandingas, 30 por cento) e sossos (15 por cento). O semanário destaca que são precisamente os sossos que controlam as Forças Armadas do país e que, o actual líder da Junta Militar no poder e o antigo Presidente Lansana Conté, pertencem a essa etnia. É ainda adiantado que a etnia fula domina a economia, e que os malinkés estão mais representados nos sectores agrícola e pescas.

Sobre a Guiné-Conacri, numa reflexão interna, o jornal Nó Pintcha, lança em manchete a reacção das autoridades da Guiné-Bissau sobre a situação em Conacri. Oscar Barbosa, ministro dos Recursos Naturais, personaliza a posição guineense. «Bissau prepara um plano para acolher eventuais refugiados», é um dos títulos do jornal estatal, para adiantar que o Governo da Guiné-Bissau manifestou a sua preocupação com a situação na vizinha Guiné-Conacri e apelou à contenção e ao bom senso, enquanto começa a preparar um plano para receber eventuais refugiados.

E ainda, em relação à Guiné-Conacri, o Nó Pintcha destaca que a situação levou o Presidente da República, Malam Bacai Sanhá a convocar, esta semana, o embaixador deste país em Bissau, Tamba Tiendo Milimono, a fim de receber informações detalhadas da situação. À saída da audiência, o diplomata disse não acreditar no número de vitimas avançado pela imprensa internacional, que aponta para 157 mortos, sugerindo aguardar-se a publicação oficial, conhecida pela Segurança Nacional da Guiné-Conacri.

Um outro assunto que mereceu destaque esta semana nos semanários guineenses, tem a ver com as celebrações do dia da independência nacional. No Gazeta de Notícias lia-se «Guiné-Bissau celebra 36/o aniversário da independência nacional», com imagens do desfile e parada militar que coloriu o ambiente na Avenida Amílcar Cabral, no centro da capital. Um evento que, naturalmente, contou com o discurso do Chefe de Estado guineense, Malam Bacai Sanhá. Segundo o jornal Gazeta de Notícias, Bacai Sanhá quer «alegria, verdade, justiça e trabalho no país».

Ainda em referência ao dia que celebra a independência nacional, a publicação Bantaba de Nobas, avança em título «Presidente da República apela ao aumento da produção e da produtividade». Segundo este jornal, na opinião de Bacai Sanhá, «para virar a página dos 36 anos, há que contar com as nossas próprias forças».

Uma outra nota a registar, tem a ver com um comentário avançado pelo Gazeta de Noticias e que, em forma de apelo diz «Deixem Cadogo Governar». Para o jornal, um dos grandes entraves à governação de Carlos Gomes Júnior, continua a ser a contestação e as guerras que lhes são movidas no seio do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde). É que, refere o semanário, o facto de muitos não o considerarem Combatente da Liberdade Pátria, tem gerado indisciplina e desobediências partidárias. Como consequência, o partido libertador tem conhecido cisões e deserções sem precedentes. Para inverter o cenário, o jornal não tem dúvida: a saída é «Deixem Cadogo Governar».
(c) PNN Portuguese News Network


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