quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ministros da Defesa da CPLP reafirmam disponibilidade para apoiar reforma das Forças Armadas da Guiné Bissau

Os ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reafirmaram, em Lisboa, o apoio à reforma das Forças Armadas na Guiné-Bissau, país que acaba de realizar, com sucesso, as eleições legislativas e presidenciais.

Lisboa - Os ministros da Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reafirmaram, segunda-feira (26), em Lisboa, o apoio à reforma das Forças Armadas na Guiné-Bissau, país que acaba de realizar, com sucesso, as eleições legislativas e presidenciais.

O anúncio nesse sentido foi feito pelo ministro português da Defesa, José Pedro Aguar-Branco, na conferência de imprensa que se seguiu à XV reunião de ministros da Defesa da CPLP.

Muito cauteloso nas declarações sobre a situação na Guiné-Bissau, Aguiar-Branco sublinhou que a reuniã  foi 'uma reflexão sobre os resultados eleitorais e o caminho a seguir' e 'ainda não foi o fórum para tratar de medidas em concreto', que será realizado 'em momento oportuno'.

O ministro português da Defesa disse que a organização lusófona 'renovou o compromisso' de 'contribuir para a consolidação do sistema democrático' na Guiné-Bissau.

Para ele, no quadro da CPLP, 'não existe uma acção de intervenção conjunta na área da defesa' mas garantiu 'empenho, colaboração e cooperação em acções que se possam vir a desenvolver para consolidar o processo' em curso na Guiné-Bissau.

Disse que as eleições foram 'um passo sustentado e duradouro para o regresso à normalidade'.

No encontro, Moçambique transferiu a presidência do sector da Defesa da CPLP para Portugal, disse Aguiar-Branco, acrescentando que São Tomé e Príncipe vai acolher a próxima reunião de ministros da Defesa daqui a um ano.

O Fórum da Defesa da CPLP, que reúne anualmente, promove a identificação de medidas de cooperação e soluções que respondam às preocupações comuns, na área da Segurança e Defesa, dos países membros.

Na conferência de imprensa, o primeiro-ministro e ministro da Defesa timorense, Xanana Gusmão, defendeu que uma 'intervenção concertada de todos os membros da CPLP na Guiné-Bissau 'seria o ideal'.

Xanana Gusmão acrescentou que só uma intervenção concertada 'responderia às necessidades de reforma do sector de segurança' guineense, adiantando que Timor-Leste está em posição de ajudar, uma vez que tem 'uma certa experiência', por ter vivido um 'conflito prolongado' a seguir ao qual foi necessário 'desmobilizar as forças armadas'.

Para o Primeiro-ministro timorense, a Guiné-Bissau tem 'a particularidade' de manter 'ex-guerrilheiros nas forças armadas de hoje'.

Xanana Gusmão recordou que as forças armadas guineenses tiveram 'um papel relevante' no 'desrespeito pela ordem constitucional', saudando, por outro lado, 'a coragem dos actuais líderes' militares e policiais, mas acredita 'estão agora imbuidos de vontade de mudar o rumo dos acontecimentos'.

Por seu lado, o ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, renovou 'o compromisso' do seu país em apoiar a Guiné na 'profissionalização' e 'modernização' das forças armadas, no sentido de as habilitar 'para combater as ameaças globais', como o narcotráfico.

Celso Amorim garantiu que 'o Brasil está muito empenhado em ajudar' na reforma do sector da defesa.

Sobre uma eventual acção conjunta da CPLP na Guiné, Amorim disse ser necessário 'levar muito em conta o que pensam os países da região e as organizações regionais'.

'A situação na Guiné-Bissau nos preocupa a todos, e muito, há muito tempo aliás', assegurou.

Na semana passada, o ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, disse, numa conferência de Imprensa, em Lisboa, que a situação na Guiné-Bissau é o "dossier mais preocupante" para a organização, apesar da realização das eleições, que descreveu como surpreendentemente positivas.

A Guiné-Bissau "vai entrar numa fase ainda mais complicada", porque vai ter de demonstrar que todo o esforço que foi conseguido para a realização da votação "terá valido a pena", sublinhou o governante moçambicano.

"Isso só se consegue assim que as instituições que foram democraticamente eleitas assumirem funções e começarem a produzir resultados visíveis aos olhos da população", acrescentou Balói, adiantando que a CPLP está a preparar "iniciativas" para aquele país.

Sem comentários:

Enviar um comentário