O candidato derrotado nas eleições presidenciais de domingo na Guiné-Bissau exigiu, como condição para aceitar os resultados, ser vice-primeiro-ministro e a tutela da reforma das forças de defesa e segurança, bem como dos recursos naturais.
A revelação foi feita pelo Primeiro Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves , que, numa aula magna sobre "Democracia e Governação" em África, recorreu ao exemplo de Nuno Nabiam para sublinhar que, no continente, e em democracia, as minorias não podem impor condições às maiorias.
Segundo o Chefe do Executivo, foram essas as exigências que Nuno Nabiam, candidato independente apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS) e que perdeu a segunda das presidenciais volta para José Mário Vaz, suportado pelo Partido Africano das Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), fez para aceitar os resultados.
No final, e questionado pelos jornalistas sobre o que acabara de dizer aos estudantes, José Maria Neves escusou-se a avançar mais pormenores, sobretudo sobre se as condições impostas por Nuno Nabiam foram aceites.
"Não vou fazer nenhum comentário em relação a esta matéria. Acho que, enquanto primeiro-ministro, não devo fazer comentários sobre essa questão", respondeu o chefe do executivo, que, momentos antes, dera conta aos estudantes do curso de jornalismo da Universidade de Cabo Verde do que se passara na Guiné-Bissau.
Além das três exigências ilustradas por José Maria Neves para dar conta de que as minorias não podem impor condições às minorias, Nuno Nabiam exige que, no caso do cargo de vice-primeiro-ministro, não previsto na Constituição guineense, se crie uma comissão "ad hoc" para a rever e possibilitar a instituição dessas funções.
As eleições legislativas guineenses de 13 de Abril foram ganhas pelo PAIGC, cujo líder, Domingos Simões Pereira, irá formar Governo em breve.
Nas presidenciais do mesmo dia, os dois candidatos mais votados passaram à segunda volta, disputada domingo, em que José Mário Vaz obteve 61,9% dos votos, contra 38,1% de Nuno Nabiam, segundo os resultados provisórios divulgados terça-feira pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau
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