segunda-feira, 1 de março de 2010

Um ano depois guineenses esperam pela verdade dos factos

Bissau – Os guineenses recordam esta segunda-feira o dia em que «Nino» Vieira e o ex-Chefe de Estado-maior General das Forcas Armadas, Batista Tagme Na Wayé, foram mortos.

Os dois foram mortos em circunstâncias ainda por esclarecer: um por atentado à bomba e outro por execução. O caso encontra-se no Ministério Público, que tem reiteradamente afirmado que vai levar o caso avante, tanto assim, que está a contar com interesses de vários países, nomeadamente dos EUA, que decidiu colaborar. Os EUA vão mandar a Bissau um Procurador da Justiça, não especificamente para estes casos, como para tantos outros ligados, sobretudo ao tráfico de droga.

Desde logo, os dois atentados despertaram o interesse da comunidade internacional. O FBI participou nas primeiras investigações, tendo entregado o relatório ao Ministério Público. No caso em concreto do Presidente «Nino» Vieira, ficam ainda algumas testemunhas por ouvir, entre as quais a viúva do ex-Chefe de Estado guineense, que se encontra no estrangeiro.

O Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Luís Vaz Martins, em entrevista à PNN, advoga a materialização da justiça relativamente aos dois casos, mas considera que a vulnerabilidade do sistema de segurança no país, deve ser levada em conta para trazer ao de cima a verdade sobre este processo.

«As nossas instituições isoladamente, fora do quadro de uma colaboração com um parceiro estrangeiro, dificilmente irão conseguir contornar esta situação, sob pena de haver consequências ao nível da estabilidade nacional, em caso de qualquer tentativa de trazer a verdade ao de cima, portanto é preciso fazer um julgamento em segurança», disse Luís Vaz Martins.

O Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos disse ainda que as detenções, ligadas à morte do ex-chefe de Estado-maior General, Tagme Na Wayé, estão fora do prazo legal, o que, na sua opinião, transgride as normas jurídicas vigentes no país. Luís Vaz Martins denunciou ainda o estado físico e psicológico em que viu os tais detidos, aquando da última visita que uma delegação da sua organização efectuou às cadeias em que se encontram estes presos.

«Temos informação que um deles se encontra num estado de saúde algo delicado. Preocupa-nos bastante, porque como se tratam de detenções ilegais, pensamos que deve-se fazer alguma coisa relativamente aos direitos fundamentais destas pessoas», sublinhou Vaz Martins.

De referir, que um ano após ao duplo assassinato que vitimou o ex-presidente guineense, «Nino» Vieira, e Tagme Na Wayé, o país apresenta um novo cenário. Cenário marcado pelo actual figurino da hierarquia militar, assim como da antecipação das eleições presidenciais, que resultaram na escolha do actual Chefe de Estado, Malam Bacai Sanhá.

Lassana Cassamá

(c) PNN Portuguese News Network

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