quinta-feira, 25 de março de 2010

Especialista critica exploração a céu aberto de fosfatos de Farim

Bissau - O representante da União Internacional da conservação da Natureza (UICN) na Guiné-Bissau, Nelson Dias, criticou
hoje, quarta-feira, a opção da exploração "a céu aberto" dos fosfatos na região de Farim (norte) por trazer perigos para a saúde da população local.

O responsável da UICN declarou que a empresa que fazia a prospecção em Farim, abriu grandes buracos de terra na aldeia de Salquenhe para extracção de amostras de fosfatos, deixando os prejuízos para a população.

"A exploração dos Fosfatos a céu aberto tem as suas implicações. Aquilo que está a acontecer em Salquenhe, com a baixa tecnologia, com a empresa que esteve lá a abrir hectares e hectares de terreno para tirar 300 toneladas de matéria-prima para o laboratório é uma farsa é uma incompetência demonstrada por essa empresa", disse Nelson Dias.

Nelson Dias sublinhou que a população já começa a sofrer porque a prospecção está a ser feita numa zona húmida e baixa e os fosfatos estão a 40 metros debaixo do subsolo.

"Escavaram talvez 14 metros e pararam, deixaram aquilo que escavaram a céu aberto e com as chuvas provocou erosão do solo, as vacas estão a cair lá dentro, causando danos e transtornos enormes à população", afirmou ainda o responsável da UICN na Guiné-Bissau.

Para Nelson Dias, as autoridades da Guiné-Bissau deviam ter maior cuidado com as empresas a quem concedem licenças de exploração mineira e ainda exigir o cumprimento de regras com os cuidados ambientais.

O responsável entende também que deve haver, mais responsabilização das empresas e uma grande sensibilização à população sobre os perigos decorrentes da exploração mineira.

"É preciso informar à população, por exemplo, que a exploração dos fosfatos a céu aberto pode causar graves problemas à saúde", disse.

Pegando no exemplo concreto da futura cidade mineira a ser erguida na aldeia de Salquenhe, região de Farim (no norte da Guiné-Bissau) para a extracção de fosfatos, Nelson Dias sublinhou vários riscos daí decorrentes.

"A instalação de uma cidade mineira vai causar problemas sociais e ambientais enormes porque, por exemplo, vamos ter dois mil homens em Salquenhe, e esses homens têm que comer, têm que namorar, e a população vai sofrer se não for bem planificada a sua coabitação com os homens que para lá foram por causa dos fosfatos", sublinhou o representante da UICN.

Dados do governo guineense indicam que as prospeções iniciais apontam para um potencial de 166 milhões de toneladas de fosfatos, o que permitirá assegurar a exploração por um período de 35 a 40 anos.

As reservas de bauxite, na aldeia de Boé, no leste, seriam na ordem de 113 milhões de toneladas. Em relação ao petróleo, estudos apontam para a sua existência sobretudo no "off shore" guineense, mas das 18 perfurações já efectuadas ainda não foi descoberto petróleo com valor comercial na Guiné-Bissau.

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