segunda-feira, 29 de março de 2010

Oposição exige envolvimento da Guiné-Bissau


Dakar - A maior coligação de partidos políticos da oposição senegalesa, Benoo Siggil Senegal (BSS), exigiu no fim-de-semana a implicação da Gâmbia e da Guiné-Bissau no processo de resolução do conflito secessionista da Casamança, no sul do país.

De acordo com uma declaração publicada na capital senegalesa, Dakar, no termo de uma conferência dos líderes da BSS, as populações da Gâmbia, da Guiné-Bissau e do Senegal estão unidas por laços históricos multiformes e o
conflito na Casamança confirma que "o destino destes três povos está intimamente ligado".

O documento argumenta que a luta de libertação do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) deu azo a uma "fraternidade de armas" entre combatentes bissau-guineenses e populações senegalesas "num contexto de luta anticolonial em que a Casamança foi vítima".

"Foi o caso dos acontecimentos dolorosos vividos em localidades como Samine e Santhiaba Manjack pelo que hoje não podemos nem devemos ignorar essas realidades que se exprimem sob formas variadas na evolução do conflito na Casamança", indica a nota.
Nos anos 1990, lembra, a Guiné-Bissau serviu de garante dos acordos entre o MFDC e o Estado do Senegal, em Maio de 1991 e em Julho de 1993, enquanto que a capital gambiana, Banjul, albergou, em 1999, o encontro entre o MFDC e a sociedade civil casamancesa.

Com o advento do regime SOPI do Presidente Wase, prossegue, este último "decretou a exclusão da Gâmbia e da Guiné-Bissau na gestão do conflito, e a situação não pára de se deteriorar na Casamança".

"Por isso, a implicação da Guiné-Bissau e da Gâmbia num esforço de acompanhamento do Senegal no quadro do respeito pela soberania dos Estados parece-nos oportuna e necessária", salientam os dirigentes da BSS.

Neste contexto, os líderes da BSS consideram que é imperioso, a partir de uma análise lúcida das causas profundas do conflito, da sua evolução e das iniciativas empreendidas até agora, "avançar com determinação, realismo e espírito de acompanhamento para uma solução negociada de saída da crise, visando uma paz efectiva e duradoura".

Recordam que já foram lançados neste sentido reiterados apelos de vários líderes religiosos de todas as confissões, de organizações da sociedade civil, das forças vivas da nação e das populações em geral.

"Todas as forças políticas e sociais, organizações da sociedade civil, personalidades patrióticas, o povo senegalês nos seus diferentes segmentos devem assumir de corpo e alma o conflito na Casamança como uma questão nacional de suma importância que requer a participação activa de todos com vista a uma solução justa", ressaltam.

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