terça-feira, 9 de março de 2010

Embaixador guineense em Portugal acusado por diplomatas



Bissau - O Embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Constantino Costa, é acusado de tentar «lançar para debaixo do tapete», problemas criados nesta representação diplomática.

As acusações contra o embaixador foram feitas por um grupo de oito diplomatas guineenses afectos a esta representação diplomática em Portugal, numa carta enviada ao Presidente da República guineense, Malam Bacai Sanhá.

Na missiva, datada de 24 de Fevereiro do ano 2010, a que a PNN teve acesso, os signatários da mesma afirmam que foram transferidos de forma arbitrária da embaixada da Guiné-Bissau em Portugal para Bissau, onde deviam apresentar-se num prazo de 30 dias, sem que, no entanto, fossem disponibilizados bilhetes para as viagens nem planos de pagamento dos seus salários.

Na mesma carta, citando o despacho do ministro dos Negócios Estrangeiro na altura, os diplomatas dizem que sugeriram o adiamento destas transferências para meados de Julho, porque iriam afectar os seus filhos, que na altura se encontravam no terceiro período no ano lectivo e que, fossem pagos 80 por cento dos seus salários em dívida, de forma a poderem regularizar as suas dívidas de renda, luz e água.

Em resposta a este pedido, segundo contaram os diplomatas a Malam Bacai Sanhá, a tutela em Bissau, ordenou ao Ministério dos Negócios português o levantamento da imunidade diplomática a estes diplomatas, tendo igualmente instruído o então cônsul da Guiné-Bissau, João Ramos, para interditar a sua presença na embaixada da Guiné-Bissau em Portugal.

Como se bastasse, segundo a mesma carta, o referido cônsul procedeu à troca das fechaduras de todos os gabinetes, onde estavam os seus pertences. Os diplomatas denunciaram ainda que, para preencher as vagas deixadas, foram contratados localmente alguns funcionários da embaixada, enquanto outros eram promovidos a cargos de diplomatas.

O assunto é do conhecimento de vários membros do Governo que estiveram a frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, sem que houvesse a iniciativa de resolução do problema. De acordo com os autores da denúncia, estes haviam igualmente enviado várias cartas ao falecido Presidente da República, «Nino» Vieira, ao ex-presidente da Assembleia Nacional Popular, Francisco Benante e ao actual, Raimundo Pereira, aos líderes das bancadas parlamentares, e a todos os primeiros-ministros da altura, mas nunca obtiveram respostas.

Perante esta situação, os signatários da missiva afirmam desejar ver o assunto resolvido ao mais alto nível, tendo em conta que entre as entidades informadas, Carlos Gomes Júnior, actual primeiro-ministro foi quem recebeu o representante do grupo, Ndira Cabral, filha de Amílcar Cabral. «Para o nosso engano e desilusão, além de abandonados, sentimo-nos ignorados e desamparados como funcionários do Estado», lamentam os diplomatas.

Foi neste sentido, que acusaram o embaixador Constantino Costa de que «os belos discursos e aparente normalidade na embaixada da Guiné-Bissau em Portugal descrita pelo embaixador, não passa de uma manobra de varrer para debaixo do tapete os desaires que ele criou na embaixada.»
No entender dos então embaixadores, Bacai Sanhá merece ser informado, de que o principal problema que afecta o funcionamento da embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, prende-se com a indefinição e incerteza que reina para com estes diplomatas, uma situação que afecta, sem dúvida a imagem e funcionamento desta instituição diplomática em Portugal.

A PNN soube entretanto, que o Presidente da República, ainda não se pronunciou sobre o caso, estando este a ser analisado pelo seu gabinete.

Sumba Nansil

(c) PNN Portuguese News Network

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