terça-feira, 16 de março de 2010

Desmantelada rede de funcionários que desviava dinheiro do Estado

Bissau - Uma rede de funcionários administrativos da Guiné-Bissau que desviava dinheiro do Estado através de falsos pagamentos foi desmantelada e 17 pessoas detidas pela Policia Judiciária, disse hoje (segunda-feira) à Lusa o ministro da Função Publica.

Fernando Gomes explicou que a rede, que engloba funcionários do Ministério das Finanças, em conexão com responsáveis administrativos e financeiros de vários departamentos do Estado da Guiné-Bissau, "adulterava as folhas do pagamento de pensões", o que originou um "roubo ao erário público em valores ainda por quantificar".

"É uma rede bem montada que funcionava há cerca de duas décadas. Um pensionista que recebia, por exemplo, 25 mil francos CFA era apresentado nas folhas do pagamento como recebendo 300 mil francos, quando na realidade a pessoa nunca sabia dessa falcatrua", disse Fernando Gomes.

"Os integrantes da rede é que ficavam com esse diferencial, imagina agora quantas pessoas é que terão sido apanhadas nessa artimanha criminosa", destacou Gomes.

O ministro da Função Publica e Modernização do Estado, que conduz um programa de reforma da administração estatal guineense financiado pela União Europeia, afirmou ainda que o esquema também passava por pagamento de pessoas que "nem existem, ou por estarem já mortas, ou porque nunca trabalharam para o Estado".

Um recenseamento aos funcionários públicos, entre os quais os paramilitares, permitiu saber que existem cerca de 20 mil trabalhadores (sem contar com os efectivos das Forças Armadas), mas Fernando Gomes não confia muito nesses números.

"Iniciámos uma operação designada 'funcionários fantasmas fora da Administração Publica', através da qual vamos detectar quem é funcionário público, uma vez que agora o pagamento dos salários é presencial", referiu o governante, explicando que foi através dessa operação que foi possível desmantelar a rede de burlões ao Estado.

Os 17 funcionários detidos pela PJ, todos elementos ligados aos serviços de pagamento de pensões aos reformados do Estado, devem ser entregues hoje ao Ministério Publico para a instrução do processo.

O ministro da Função Pública acredita que mais responsáveis administrativos e financeiros poderão ser detidos no âmbito da mesma investigação.

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