quarta-feira, 18 de abril de 2012

Embaixador da Guiné-Bissau em Portugal 'emocionado' com manifestação da comunidade guineense

O embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Fali Embaló, mostrou-se hoje «emocionado» com a manifestação organizada pela comunidade guineense que desfilou dos Jerónimos até à Embaixada, em Belém, Lisboa, num apelo à paz no seu país.

Mais de 300 guineenses manifestaram-se hoje em Lisboa contra o golpe de Estado no seu país e realizaram uma marcha pacífica com gritos de apelo à retoma da paz.

«Fiquei emocionado e vou transmitir a quem de direito a vossa manifestação», afirmou Fali Embaló, que recebeu, das mãos dos representantes do grupo de manifestantes, uma carta de apelo à paz na Guiné-Bissau.

Nessa carta, segundo disse o porta-voz Aladje Baldé, constam três pontos fundamentais exigidos pela comunidade guineense: libertação das personalidades presas no golpe de estado de 12 de Abril, devolução do poder a quem o povo confiou e pedido de apoio à comunidade internacional.

Perante o apelo, Fali Embaló prometeu transmitir a mensagem e disse partilhar da revolta dos seus compatriotas. «A Guiné-Bissau não conhece a verdadeira paz até hoje e isso é triste, muito triste», lamentou. «Como embaixador e cidadão estou também muito revoltado. Chega de sangue», concluiu.

A Guiné-Bissau está controlada desde quinta-feira por um Comando Militar, que desencadeou um golpe de Estado na véspera da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, disputadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Ialá, que no entanto se recusa a participar na votação.

Desde quinta-feira que é desconhecido o paradeiro de Carlos Gomes Júnior e do Presidente interino, Raimundo Pereira.

Um Conselho Nacional de Transição foi criado no domingo pelos partidos de oposição, numa reunião em que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), não participou.

O golpe de Estado na Guiné-Bissau mereceu ampla condenação internacional, incluindo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que, após uma reunião de ministros no sábado em Lisboa, decidiu propor uma força de interposição com aval da ONU e sanções individualizadas contra os golpistas.

Lusa

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