terça-feira, 24 de abril de 2012

Comissão Técnica da CEDEAO já está na capital

Bissau - Mediante muitas incertezas políticas, militares e diplomáticas, os guineenses continuam incrédulos com o Golpe de Estado que está a marcar a agenda diária do país a todos os níveis.

A capital voltou a reviver os movimentos normais, com bancos e agências de transferências de dinheiro reabertos mas limitados ou reduzidos em termos de horário de atendimento, com longas filas de clientes que esperam encomendas mediante a carência de produtos alimentares que se verifica, sobretudo no interior do país.


Muitos guineenses fugiram de Bissau para o interior onde se regista especulação de preços. Em Bubaque, zona insular do país, 50 quilogramas de arroz custava entre 15 e 17 mil francos Cfa, correspondente a cerca de 26 euros, e passou a custar 25 mil francos Cfa, ou seja, 38 euros.


As fronteiras, terrestres, marítimas e aéreas, já estão reabertas. Os voos de TACV e Air Senegal já estão a operar e está previsto, para esta segunda-feira, 23 de Abril, que a TAP retome os seus voos para Bissau.


A Comissão Técnica da CEDEAO já está em Bissau e é encarada pelo Comando Militar como a entidade mais próxima e compreensiva quanto aos motivos da revolta.


A missão da CEDEAO reuniu com os militares e políticos, esta segunda-feira, 23 de Abril, tentando obter uma saída pacífica e consensual da crise que está a ser marcada pela disputa de poder, com a oposição a tentar deter o lugar e o PAIGC a exigir a devolução efectiva de governação, argumentando ser o vencedor das últimas eleições legislativas.


O PAIGC continua a reclamar a libertação do seu Presidente e Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, bem como de Raimundo Pereira, Presidente da Republica interino.


Sectores militares continuam relutantes quanto a estas exigências, alegando, em particular, não haver segurança para ceder liberdade aos presos políticos, porquanto não há ainda um Governo que possa assumir as rédeas da administração do Estado.


O Comando Militar, reagindo à projectada manifestação dos partidos políticos que apoiaram Carlos Gomes Júnior na primeira volta das Presidenciais de 18 de Marco, denominado Frente Ante Golpe, emitiu um comunicado onde reitera a sua firme posição de não permitir a realização de marchas ou qualquer manifestação, ao mesmo tempo que anunciou a criação de um fórum de concertação para uma análise e confrontação de ideias que possam conduzir o país a uma imediata saída da crise.


Estado-Maior General das Forcas Armadas disse ainda que o fórum está aberto aos partidos políticos, à Sociedade Civil, às igrejas católica, evangélica, muçulmana e a pessoas singulares.


O actual Presidente Interino da Assembleia Nacional Popular, Manuel Serifo Nhamadjo, um dos cinco candidatos que contesta os resultados da primeira volta das eleições iniciou, este fim-de-semana, consultas inter-partidárias para encontrar uma solução para o presente cenário.


Manuel Serifo Nhamadjo reuniu com os partidos políticos parlamentares e extraparlamentares, cujas opiniões maioritárias convergiram numa solução baseada na Constituição da República guineense, pondo de lado a ruptura constitucional, inicialmente assumida pelas formações políticas signatárias do acordo para a Estabilização e Manutenção da Ordem Constitucional e Democrática.

Manuel Serifo Nhamadjo pretende que a solução política derivada deste golpe de Estado passe pela Assembleia Nacional Popular, centrando sobre si todas as negociações e decisões sobre a crise.

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