O Partido da Renovação Social (PRS), presidido por Kumba Ialá, candidato à Presidência guineense, acusou hoje o Governo de Angola de ter intenções hegemónicas na região, "com epicentro" na Guiné-Bissau.
Em comunicado hoje divulgado, o segundo maior partido da Guiné-Bissau diz tratar-se de "puro delírio" que se relacione o golpe de Estado de dia 12 com "as legítimas pretensões reivindicativas" de Kumba Ialá nas eleições presidenciais realizadas em março (que considerou fraudulentas, exigindo a repetição).
O comunicado surge como resposta a acusações, no dia 24, do vice-ministro da Defesa de Angola, Salvino de Jesus Sequeira "Kianda", que no parlamento angolano implicou Kumba Ialá no golpe de dia 12 e acusou-o de dar dinheiro ao chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, António Injai.
O governante angolano disse também que António Indjai e Kumba Ialá são parentes.
Em resposta, "face aos ataques sistemáticos de que o presidente Kumba Ialá tem sido alvo por parte do governo angolano", o PRS diz que o responsável angolano "esboça" um "falso laço de parentesco" entre Indjai e Ialá e que, "além do desprezo pelas realidades culturais, próprio de um colonialista", demonstra desconhecer as mesmas.
O comunicado informa que Kumba Ialá, quando chegou a Bissau, apresentou condolências à família de Malam Bacai Sanhá (Presidente eleito, que morreu em janeiro), a quem deu dinheiro, como é da tradição guineense.
Kumba Ialá foi depois prestar homenagem a Malam Bacai Sanhá no forte de Amura, onde está enterrado o corpo do antigo estadista e que funciona também como Estado-Maior General das Forças Armadas.
A mando de Indjai, "as chefias militares mais não fizeram do que render informalmente as devidas honras a um antigo chefe de Estado deposto por um golpe de Estado, o que terá despoletado uma forte emoção, levando Kumba Ialá, num gesto de simpatia e de agradecimento, a oferecer publicamente alguma soma em dinheiro, gesto que protagonizou algum simbolismo cultural à semelhança de alguma prática tradicional, e pelos vistos mal compreendido pelo nosso general angolano", diz o comunicado.
O PRS diz que a situação que hoje o país vive teria sido evitada se "o grito de socorro" de António Indjai tivesse sido ouvido, quando se terá queixado ao governo de que a missão angolana em Bissau (Missang) estava a "extravasar o seu mandato".
Mas Indjai não foi ouvido e em vez de medidas de apaziguamento "seguiram-se fatídicos dias de violentos comunicados dirigidos essencialmente contra os militares", acusa o documento do PRS.
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