Cabo Verde está disponível para participar, "a qualquer nível", numa missão de paz na Guiné-Bissau sob os auspícios das Nações Unidas, afirmou hoje o ministro da Defesa cabo-verdiano.
Falando aos jornalistas após um encontro de trabalho com o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, igualmente comandante supremo das Forças Armadas, Jorge Tolentino salientou, porém, que primeiro terá de se conhecer o "perfil" da eventual força para, depois, se analisar a forma como Cabo Verde poderá participar.
"Quanto à possibilidade de participação de Cabo Verde, essa possibilidade não está claramente colocada sobre a mesa. O que neste momento nos preocupa é a constituição da força sob a responsabilidade das Nações Unidas. Uma vez constituída, definidos os contornos, aí sim, veremos se e como as Forças Armadas de Cabo Verde poderão participar", afirmou.
"Há disponibilidade, mas, repito, os contornos dependerão, antes de mais, da definição de qual deve ser o perfil da força que deverá estar na Guiné-Bissau, sob os auspícios das Nações Unidas", acrescentou, aludindo à possibilidade de ser autorizada uma presença dessa natureza na Guiné-Bissau, onde um comando militar tomou o poder a 12 de abril.
Realçando que as Forças Armadas de Cabo Verde estão preparadas para "atuar a qualquer nível", "militar ou humanitários", o ministro da Defesa cabo-verdiano adiantou que todo o trabalho desenvolvido nos últimos tempos tem passado por garantir tropas "suficientemente capacitadas em termos de recursos humanos e materiais".
Sobre a alegada presença de uma corveta e fragata portuguesas em águas territoriais cabo-verdianas, Jorge Tolentino garantiu não estar prevista a chegada de nenhum navio da Armada de Portugal, sublinhando que a informação de que dispõe é que ambas estarão já fundeadas ao largo da costa guineense para qualquer eventualidade.
"Que eu saiba não está prevista a chegada de nenhum navio da armada portuguesa às águas territoriais de Cabo Verde. Dispomos da informação de que ficarão ao largo da costa da Guiné-Bissau. A autorização concedida em relação à utilização do espaço de Cabo Verde foi, apenas, em relação a meios aéreos", referiu.
Jorge Tolentino aludia ao avião militar "P3-Orion" que está desde domingo passado estacionado no aeroporto internacional Amílcar Cabral, na ilha cabo-verdiana do Sal, não havendo, acrescentou, qualquer prazo definido para o aparelho sair do país.
"Depende da evolução dos acontecimentos e da necessidade que Portugal tiver de manter ou de prolongar essa presença no nosso território", esclareceu, adiantando ainda que a missão das duas embarcações, além de prever a retirada de cidadãos portugueses, em caso de conflito, retirará também cabo-verdianos.
"Naturalmente que temos de cuidar também dos interesses que dizem respeito aos nossos cidadãos. Ninguém está à espera do pior cenário mas, a acontecer, temos de ter os cenários devidamente acautelados", concluiu.
O autointitulado Comando Militar nomeou na quinta-feira o ex-presidente da Assembleia Nacional Serifo Nhamadjo, para a chefia do Estado interina até à realização de eleições, mas a comunidade internacional não reconhece as autoridades nomeadas pelos militares.
Também na quinta-feira, o conselho de Segurança das Nações Unidas discutiu a situação na Guiné-Bissau e os chefes da diplomacia de Portugal, Angola (pela CPLP), o próprio ministro dos Negócios Estrangeiros guineense, Mamadu Djaló Pires, e o embaixador da Costa do Marfim (pela CEDEAO) pediram o envio de uma força de interposição para devolver o poder aos civis.
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