Lisboa, Os ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reunidos esta Segunda-feira em conselho extraordinário, análisaram as situações na Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, a segurança alimentar, entre outros pontos da agenda.
No encontro também foi discutido o relatório final de peritos convocados para debater a cooperação económica e empresarial no âmbito da comunidade lusófona, confirmou o vice-Presidente de Angola, Fernando Piedade dos Santos, na qualidade de país coordenador da presidência rotativa da CPLP, falando pouco antes do início da reunião.
A Guiné-Bissau tem vindo a conhecer uma instabilidade política, enquanto a Guiné Equatorial, actualmente com estatuto de membro observador, solicitou a sua integração na CPLP como membro efectivo, processo ainda em análise.
A reunião decorreu na nova sede da organização, inaugurada esta Segunda-feira, em Lisboa. Até as 20h00 locais (22h00 em Maputo) os ministros continuavam reunidos esperando-se que a qualquer momento fosse emitida uma declaração no final dos trabalhos.
Moçambique, que vai acolher a próxima Cimeira da CPLP, esteve representado no encontro pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi. A próxima cimeira está agendada para Julho deste ano em Maputo.
O edifício da nova sede da CPLP foi cedido por Portugal e é opinião consensual de que estão reunidas as condições para que a organização possa cumprir o seu desígnio. A CPLP completa, em 2012, 15 anos da sua criação.
A cerimónia de inauguração da nova sede da CPLP, dirigida pelo chefe de Estado português, Cavaco Silva, contou com a presnça de antigos Presidentes de Moçambique, Joaquim Chissano, de Portugal, Jorge Sampaio, de Cabo Verde, Pedro Pires, e de várias outras figuras, incluindo o Primeiro-ministro português, Passos Coelho, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, entre outros participantes.
No acto esteve igualmente presente o novo Embaixador de Moçambique em Portugal, Jacob Jeremias Nyambir.
Falando na ocasião, o Presidente português defendeu que a CPLP deve abrir-se 'mais ao contributo dos seus cidadãos' e que cada país membro deve prestar 'atenção acrescida' à evolução da sua sociedade civil.
'A CPLP tem de descer à rua e de se abrir mais ao contributo dos seus cidadãos, começando, desde logo, pelos mais jovens, para que estes a sintam como algo que lhes pertence, com que se identificam, como uma real mais valia nas suas vidas', sublinhou Cavaco Silva.
Cavaco Silva falou igualmente da necessidade da 'defesa da liberdade, da democracia, dos Direitos Humanos e do desenvolvimento económico e social', valores que considerou 'estruturantes e orientadores' da CPLP.
'Foram esses valores que ditaram, entre outras ações, o apoio que a CPLP prestou e vem prestando à consolidação dos regimes democráticos, em alguns dos nossos países irmãos' e que 'granjearam à CPLP o respeito e a credibilidade de que beneficia na cena internacional', disse.
O chefe de presidente português disse ser 'fundamental' que os chefes de Estado e Governo destes países continuem 'a deixar claro, no presente e no futuro, que são esses os valores que determinarão' as suas decisões e iniciativas.
No que diz respeito ao envolvimento da sociedade civil 'na vida da CPLP', Cavaco Silva reconheceu que muito já foi feito, mas que é preciso 'ir mais longe' e que essa é uma tarefa que envolve todos: 'Alargando os domínios de cooperação, atraindo uma maior diversidade de sectores da sociedade para as iniciativas da nossa comunidade, divulgando, mais e melhor, aquilo que somos e fazemos, mas também o que queremos ser e fazer'.
O chefe de Estado português elogiu aquilo que considerou de capacidade de concertação política no seio da CPLP, acrescentando ser 'outra área onde foram feitos progressos importantes', mas onde também é possível 'ir mais longe'.
Por seu turno, o vice-Presidente de Angolano, Fernando Piedade dos Santos reconheceu o esforço dos Estados-membros da CPLP, personalidades e instituições que têm trabalhado para permitir a afirmação da CPLP no contexto internacional.
'Independentemente dos contextos geopolíticos e geoestratégicos', é importante que os países se unam para que a CPLP seja capaz de 'vencer os desafios que se colocam na era da globalização', afirmou o vice-Presidente angolano.
'Pouco a pouco' a CPLP tem dado 'passos firmes' no caminho do reforço de uma cooperação 'reciprocamente vantajosa', disse Fernando Piedade dos Santos sublinhou que a comunidade 'será mais forte quanto mais fortes forem os Estados-membros.
'Querer é poder. Neste caso, nós queremos, logo, nós podemos', afirmou.
O Secretário-executivo da CPLP, Domingos Simões Pereira, também interveio na cerimónia, dando em foque o futuro da organização.
Simões Pereira mostrou-se convicto de que a CPLP “pode e deve dar muito mais a todos e cada um dos países”.
“Temos simplesmente de continuar a sonhar juntos e, através de políticas internas coerentes e partilha das melhores práticas e sinergias a nível multilateral, transformar o sonho em realidade”, sublinhou.
Falando à jornalistas no final da cerimónia, o ex-Presidente português, Jorge Sampaio, confirmou que a sociedade civil está 'profundamente envolvida' na CPLP, nomeadamente as universidades e instituições científicas, mas admitiu que é sempre possível fazer mais.
'Isto significa estar na rua, estar em projectos que são importantes para as pessoas, e isso a CPLP tem estado a fazer. É preciso fazer mais? Com certeza que é. É sempre'.
Segundo Jorge Sampaio, há um conjunto de actividades, nomeadamente no ensino superior e nas ciências, que têm hoje a bandeira da CPLP, o que tem importância para os países-membros, mas também ao nível da política internacional.
Para além de Portugal, fazem parte da CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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