Lisboa - O guineense Domingos Simões Pereira admitiu protagonizar uma alternativa política na Guiné-Bissau depois de, em Julho, deixar o cargo de secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), anunciou a Lusa.
"Há muitos colegas que pensam que é chegado o momento de oferecermos alternativas e todo este conjunto de pessoas e recursos irá disponibilizar-se para o país. Muitos já me afirmaram que, se me predispuser a isso, se reveem em mim para fazer parte de um esforço conjunto. Isso anima-me, mas não estou a antecipar nada estou é a achar que havendo essa disponibilidade somos muitos e somos suficientes para abordar e enfrentar os desafios que o país coloca", disse Simões Pereira.
O secretário-executivo da organização lusófona, que em Julho termina o seu segundo e último mandato, ressalva que o "futuro ao futuro pertence", mas lembra que é cidadão da Guiné-Bissau e que antes do mandato que agora cumpre "já tinha um percurso político".
"O que vai na minha alma é colocar-me à disposição do meu país naquilo que o meu país achar que o posso servir melhor", sublinhou.
Domingos Simões Pereira garantiu que pretende terminar a missão na CPLP "com a maior normalidade, tranquilidade e dignidade possíveis".
A Guiné-Bissau tem eleições presidenciais marcadas para 18 de Março, após a morte a 09 de Janeiro do Presidente Malam Bacai Sanhá. Este é também ano de eleições legislativas, ainda sem data marcada, mas que deverão ocorrer mais para o final do ano.
Sobre o actual momento político na Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira afirmou não estar "particularmente preocupado".
"São sempre períodos de alguma sensibilidade e fragilidade. É preciso estarmos atentos. Não posso dizer que esteja particularmente preocupado porque os sinais parecem indicar que há um jogo político a acontecer com perfeita normalidade", disse.
A morte do Presidente guineense adensou uma vez mais as preocupações relativamente à estabilidade no país, que tem vivido frequentes crises políticas e militares.
Com o Presidente internado em Paris, o país enfrentou novos incidentes alegadamente protagonizados pelo comandante da Armada, Bubo Na Tchuto, que terá tentado assassinar o chefe das Forças Armadas, general António Indjai, e o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
Domingos Simões Pereira sustenta que apesar de este tipo de acidentes continuar a acontecer, não atingem a gravidade de outros tempos.
"Hoje já se sente que os incidentes que vão acontecendo aqui e ali têm uma magnitude menor. As instituições do estado sabem como tratá-los e há uma mobilização cada vez mais efectiva para a sua resolução com os recursos internos. Já não há aquele sentimento que era de facto muito frustrante de pensar que temos a liberdade de criar problemas e outros têm a responsabilidade de os resolver", disse.
Domingos Simões Pereira, 48 anos, é secretário-executivo da CPLP desde Julho de 2008.
Nascido em Farim, Guiné-Bissau, formou-se em engenharia civil e industrial pelo Instituto de Engenharia de Odessa, na antiga União Soviética, tendo feito um mestrado em Ciências da Engenharia Civil pela Universidade Estatal de Califórnia em Fresno.
Quando foi nomeado para a CPLP era conselheiro do primeiro-ministro da Guiné-Bissau para as Infra-estruturas.
Anteriormente ocupou cargos de Ministro das Obras Públicas, Construções e Urbanismo (2004-2005) e do Equipamento Social 2002-2003.
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