quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Aliança entre narcotráfico e Al-Qaida "perturba" Ban Ki-moon

 

Nova Iorque- O secretário geral da ONU afirmou estar "especialmente perturbado" com a revelação de o narcotráfico e crime organizado na África Ocidental e Sahel se aliarem a grupos terroristas, incluindo a Al-Qaida, ameaçando países como a Guiné-Bissau. 

Num "briefing" ao Conselho de Segurança da ONU, Ban Ki-moon afirmou que o crime organizado, tráfico de droga e pirataria estão a escalar na região, constituindo uma ameaça crescente à estabilidade, e que a desordem na Líbia resultou num afluxo de armas.  

A par de uma crise alimentar, "há relatos da ligação de grupos rebeldes,criminosos e organizações terroristas" e "até mesmo medo de que possamos ver nesta região uma crise de magnitude semelhante à do Corno de África", disse o secretário geral da ONU.

Ban Ki-moon afirmou estar "especialmente perturbado" com a informação, trazida por uma missão ao terreno enviada no fim do ano passado, de que grupos terroristas, como a Al-Qaida no Magrebe Islâmico, começaram a formar alianças com traficantes de droga e outras organizações criminosas.  

"Estas alianças têm o potencial de desestabilizar ainda mais a região e inverter feitos democráticos e de consolidação da paz, arduamente alcançados", disse Ban.  

A África Ocidental continua a ser um "ponto de trânsito" no tráfico de droga entre a América do Sul e a Europa, um factor de instabilidade que leva a ONU a "trabalhar de perto" com as autoridades na Côte d'Ivoire, Guiné-Bissau ou Libéria.  

O país lusófono foi dos primeiros a receber uma Unidade Anti-Crime Transnacional, formada pela Polícia da ONU, mas "este é apenas o princípio" do combate, que passa ainda pelo reforço de capacidade dos governos na partilha de informação, prevenção, investigação, Justiça e gestão de fronteiras, adiantou.  

O secretário geral da ONU chamou ainda a atenção para a necessidade de criar unidades especializadas nas missões de paz, além de melhorar as condições de vida das populações.  

"As consequências da inação podem ser catastróficas, especialmente para países produtores de petróleo", que podem vir a ser alvo de terrorismo, sublinhou.  

A reunião contou com a participação de Yuri Fedotov, que dirige a agência da ONU contra o narcotráfico e crime organizado (UNODC), que apelou à renovação, para lá de 2011, da renovação da declaração política e plano de acção da Praia pela organização regional (CEDEAO), "um dos melhores meios para unir as respostas locais e internacionais".  

A África Ocidental, adiantou, deverá contar em breve com uma rede de procuradores anti-crime semelhante à centro-americana REFCO, agora que foi disponibilizado financiamento.  

As Unidades Anti-Crime Transnacionais na Guiné-Bissau e Serra Leoa já anunciaram apreensões de droga, sublinhou ainda Fedotov. 

Paralelamente, a UNODC está ainda a fazer uma "avaliação de ameaças" na região, focada nas rotas de tráfico no Atlântico. 

Segundo a agência da ONU, o narcotráfico na região movimenta anualmente perto de 900 milhões de dólares.

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