Bissau - A Guiné-Bissau vai receber das Nações Unidas quase três milhões de dólares (2,2 milhões de euros) destinados à reforma do sector da defesa e segurança, segundo um acordo hoje assinado em Bissau, anunciou a Lusa.
O acordo foi assinado no passado dia 08 pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e com a assinatura, hoje em Bissau, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mamadú Saliu Djaló Pires, o dinheiro está disponível, bastando ao representante especial do secretário-geral em Bissau, Joseph Mutaboba, fazer o pedido.
Ambos consideraram o acordo fundamental, não só para a reforma do sector de defesa e segurança mas também para que outros parceiros que prometeram ajuda a comecem a disponibilizar.
O Governo guineense iniciou uma reforma do sector de Defesa e Segurança, mediante a qual serão reformados centenas de militares e polícias. Para isso precisa de constituir um fundo de pensões e de dinheiro para esse fundo, que já foi prometido por instituições como a CPLP ou a CEDEAO (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).
O apoio das Nações Unidas, o primeiro, é "fundamental para o arranque do processo de reforma, nomeadamente do fundo especial de pensões, para permitir que o processo arranque e para que possamos ver nos próximos tempos, a partir da disponibilização desta doação, a saída de militares e elementos da polícia, que já estão nas listas para a reforma", disse Mamadú Saliu Djaló Pires.
É importante, continuou, "não só para credibilizar todo o processo mas para incentivar os outros doadores, para que também disponibilizem os fundos que prometeram".
O ministro disse, como o próprio primeiro-ministro disse recentemente também, que quer a CDEAO quer a CPLP poderão em breve disponibilizar verbas. E acrescentou que o não avanço do processo "está a condicionar muita coisa no país, nomeadamente o seu desenvolvimento normal".
"Já vimos que atrasos nessa reforma têm trazido maiores dificuldades, como o caso de 26 de Dezembro" (revolta militar), disse, acrescentando: "Se o processo tivesse arrancado mais cedo, se a implementação do fundo de pensões tivesse arrancado mais cedo, provavelmente não teríamos o caso 26 de Dezembro".
Joseph Mutaboba também não foi parco a elogiar a reforma e o fundo, que permitirá aos militares e polícias "retirar-se de forma digna e ter uma garantia de que em cada mês podem ter um valor que possa ajudá-los a continuar numa nova vida".
O dinheiro agora disponibilizado (exactamente 2.803.000 dólares) poderá, como espera Joseph Mutaboba, incentivar os outros parceiros a contribuírem também. O responsável falou da CEDEAO e da CPLP, mas também da União Africana e da União Europeia.
"Ajudem-nos a ajudar-nos", pediu Joseph Mutaboba, afirmando que o Governo precisa de dar prioridade às reformas, e especialmente da segurança e da justiça, porque só assim poderá conseguir um desenvolvimento durável.
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