sexta-feira, 21 de junho de 2013

Presidente afirma que país precisa de grande reestruturação

Bissau - O Presidente de transição da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, defendeu hoje (quinta-feira) uma reestruturação profunda de praticamente todos os sectores do Estado e apelou ao sentido patriótico dos guineenses, sob pena de o país "afundar".  

Serifo Nhamadjo falava na cerimónia de encerramento do ano lectivo da Universidade Jean Piaget da Guiné-Bissau, durante a qual respondeu a perguntas de alunos sobre Educação, Justiça, Saúde e Economia.  

Na área da Justiça, em que foi mais contundente nas críticas, Serifo Nhamadjo começou por dizer que a Guiné-Bissau tem de ser um Estado de direito, onde a lei esteja "acima de toda a gente", acrescentando que é preciso para isso o envolvimento de toda a sociedade, nomeadamente denunciando as más práticas.  

"A sociedade tem de ser implicada, porque senão não acredito que a curto prazo possamos sair desta situação de impunidade", disse, acrescentando que na Guiné-Bissau se desculpabiliza quem por exemplo vai às escolas roubar carteiras e janelas.

Segundo o dirigente, é a cumplicidade permanente que faz com que na sociedade guineense haja uma anarquia completa.  

Também não se denuncia, disse, a ostentação de riqueza de pessoas cujos rendimentos não dariam para se sustentarem 10 dias, ou de outras que passados seis meses de estarem no Governo fazem "obras milionárias". "Ninguém diz nada, somos todos cúmplices", frisou.  

E porque estava numa Universidade, o Presidente falou também da Educação, onde, considerou, não se tem valorizado o ensino técnico e profissional e apenas se pensa no ensino superior. "Estamos a formar por formar, formar para o desemprego", disse, acrescentando que não há uma política e um plano para a Educação, uma falta aliada a uma desorganização da função pública. 

Na cerimónia de encerramento do ano lectivo da Universidade Piaget o reitor da instituição, Raul Albuquerque Sardinha, falou também da importância de as universidades se abrirem às comunidades e da importância do ensino no desenvolvimento dos povos.  

A Universidade Jean Piaget (criada em Portugal em 1979) está na Guiné-Bissau há mais de três anos e tem cerca de 430 alunos nos primeiro e segundo anos de seis cursos superiores.

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