quinta-feira, 6 de junho de 2013

Governo diz que há dinheiro para financiar cajú mas só com escrita organizada

Bissau - O ministro das Finanças do Governo de transição da Guiné-Bissau, Abubacar Demba Dahaba, alertou terça-feira os empresários envolvidos na campanha de cajú para a necessidade de escrita organizada como condição para empréstimos bancários, afirmando que "dinheiro não falta". 

"Não há falta de dinheiro, há necessidade de organizar as empresas", disse Abubacar Demba Dahaba numa conferência de imprensa, na qual falou também da difícil situação económica que a Guiné-Bissau atravessa. 

A época da apanha do cajú é por norma a que representa mais receitas para o Estado mas também ela não tem corrido da melhor forma este ano. O ministro disse por exemplo que os operadores envolvidos na campanha do cajú são os mesmos que importam mercadorias e bens de consumo, que são tributadas, e que agora por causa do caju as importações abrandaram. 

"Normalmente, é um período de alta mas há dificuldades de receitas", disse. 

Demba Dahaba já tinha falado há cerca de duas semanas na questão da necessidade e as empresas terem escrita organizada, mas hoje convocou os jornalistas para falar apenas dessa questão, explicando que o Banco Central da União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA) tem disponível, para ajudar a campanha agrícola guineense, 53 milhões de euros (35 mil milhões de francos CFA). 

"As empresas que têm escrita organizada não vão ter problemas de dinheiro para financiar a actividade", disse o ministro, alertando para a necessidade de se apresentar o balanço dos três últimos anos de actividade para que os bancos possam emprestar dinheiro. 

O governo de transição da Guiné-Bissau quer sensibilizar os empresários para a necessidade de terem escrita organizada, mas igualmente as instituições bancárias para que façam um trabalho também de sensibilização, porque se o país continua "na informalidade" no futuro pode ficar "completamente bloqueado".

Além do dinheiro da UEMOA, há ainda um fundo de três milhões de dólares oferecido pelo Kuwait, que já está disponível e que também pode ser utilizado, disse o responsável. 

Demba Dahaba lembrou que na sequência do golpe de Estado do ano passado muitos projectos e financiamentos externos foram cancelados, o que levou a que a economia regredisse em 2012. Para este ano está previsto um crescimento de 3,5% mas "a saúde da economia não é boa", admitiu. 

Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo governo de transição, mas até agora nada foi decidido. O ministro lamentou que na Guiné-Bissau se façam leituras políticas, mas que ninguém tenha o cuidado de "fazer a leitura das consequências económicas" das situações de incerteza.

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