sexta-feira, 7 de junho de 2013

PRS dá aval a novo governo mas PAIGC abstém-se

Bissau - Os dois maiores partidos da Guiné-Bissau pronunciaram-se quarta-feira sobre a formação de um novo governo, com o PRS a aceitar a proposta do primeiro-ministro e o PAIGC sem explicar o que fará.  

Há mais de um mês que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo governo de transição, mais inclusivo do que o actual (também de transição), uma das exigências da comunidade internacional.  

Os dois maiores partidos (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, PAIGC, e Partido da Renovação Social, PRS) assinaram um memorando de entendimento no mês passado e no final do mês recusaram a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro de transição, Rui de Barros.  

A posição dos dois partidos foi criticada no passado domingo pelo presidente de transição, Serifo Nhamadjo, que os acusou de estarem a bloquear a constituição de um novo governo por quererem as "melhores pastas" do novo executivo. 

A proposta inicial de Rui de Barros dava ao PAIGC quatro ministérios e três ao PRS. Entre terça-feira e quarta-feira os dois partidos voltaram a pronunciar-se com o PRS a dizer que em nome dos interesses do país dá o aval à proposta de governo (que se desconhece se é a mesma).  

O PRS "espera ter dado provas de maturidade política ao pôr os interesses do país acima dos interesses partidários", diz o comunicado, que fala ainda da disponibilidade para a busca de soluções que conduzam à saída da crise em que a Guiné-Bissau se encontra.  

O PAIGC foi menos claro no comunicado, afirmando que o partido, "tendo sempre como objectivo defender os interesses do país e os seus próprios interesses legítimos, reserva-se o direito de adoptar as posições mais consentâneas com a realidade actual".  

No entanto foi também crítico quanto às observações de Serifo Nhamadjo, afirmando que o PAIGC apesar de ser o partido mais votado fez "cedências importantes" e que depois do golpe de Estado de Abril do ano passado os militares entregaram o poder à Assembleia, onde os dois partidos têm 95 por cento dos deputados.  

Serifo Nhamadjo, diz o PAIGC, considerou um exagero que os dois maiores partidos queiram ter 20 pastas de um total de 32 (Ministérios e Secretarias de Estado), ou seja 60 por cento. "Cabe perguntar qual é a representatividade dos partidos que pretendem um número maior de pastas ou se há outras forças políticas envolvidas na formação do governo", acrescenta.  

Na semana passada, o Fórum dos Partidos, que representa essencialmente pequenos partidos, já tinha acusado o PAIGC e o PRS de não privilegiarem os interesses nacionais, afirmando também em comunicado que é o primeiro-ministro quem tem "plenos poderes" para a formação de um novo governo.  

O Fórum diz no comunicado que na proposta de novo governo perde quatro pastas e que ainda assim aceita-a, ao contrário dos dois grandes partidos que "oferecem um espectáculo triste de partilha descarada do bolo em público, de forma esfomeada e gananciosa".  

De acordo com o Fórum, a proposta de governo feita pelo primeiro-ministro compreende cinco Ministérios e três secretarias de Estado para o PAIGC, quatro Ministérios e três secretarias de Estado para o PRS, e dois Ministérios e três secretarias de Estado para o Fórum (que representa 28 partidos). 

O primeiro-ministro nomearia quatro ministros e três secretários de Estado, os militares dois ministros e um secretário de Estado e o presidente dois ministros e um secretário de Estado.  

Esta distribuição de pastas referida pelo Fórum é diferente da que o PAIGC e o PRS tinham anunciado na semana passada e que recusaram.  

Nos últimos dias têm-se sucedido as reuniões políticas sobre esta matéria. O presidente já disse que possivelmente o novo governo ainda seria conhecido esta semana. 

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