sexta-feira, 14 de junho de 2013

Maioria das deficiências nas crianças da Guiné-Bissau podiam ser evitadas - UNICEF

Bissau, 13 jun - A maior parte das deficiências detetadas em crianças na Guiné-Bissau podiam ser evitadas através de vacinas e boas práticas de higiene, disse hoje o representante da UNICEF no país, que considera também prioritário "transpor a barreira da discriminação".

Maioria das deficiências nas crianças da Guiné-Bissau podiam ser evitadas - UNICEF

Bissau, 13 jun - A maior parte das deficiências detetadas em crianças na Guiné-Bissau podiam ser evitadas através de vacinas e boas práticas de higiene, disse hoje o representante da UNICEF no país, que considera também prioritário "transpor a barreira da discriminação".

Abubacar Sultan falava na cerimónia de apresentação em Bissau do último relatório global da UNICEF sobre a infância, este ano sobre "Crianças com Deficiência".

Na Guiné-Bissau, disse Abubacar Sultan aos jornalistas, não existem muitos dados estatísticos embora relatórios de 2010 apontem para cerca de 13 mil crianças com alguma deficiência, num universo de 1,5 milhões de pessoas. Cruzando outras informações, nomeadamente junto de hospitais, o responsável admite que o número seja superior.

Na Guiné-Bissau é frequente as famílias esconderem as crianças com deficiências, pelo que Abubacar Sultan entende ser esse "o principal desafio e a principal mensagem", a de "transpor a barreira do estigma e da discriminação".

"O nosso lema é o de que é necessário ver primeiro a criança e depois a deficiência", disse, acrescentando ser necessário também que se comece a debater de forma mais aberta o problema e a "expor mais a criança".

No anfiteatro do Centro Cultural Franco-Bissau-Guineense, perante centenas de pessoas, muitas delas crianças com alguma deficiência, o responsável voltou a dizer que um simples "lavar as mãos" podia evitar doenças que muitas vezes acabam em alguma deficiência.

Mas chamou também a atenção para as altas taxas de mortalidade infantil, 161 óbitos por cada mil nascimentos, muito acima da média da sub-região, que é de 109 casos, mesmo essa considerada mui alta. A meta da ONU para 2015 era chegar a 80 mortes por mil nascimentos.

Abubacar Sultan falou ainda das baixas taxas de escolarização na Guiné-Bissau, especialmente nas zonas rurais (57 por cento, contra 84 por cento nas zonas urbanas), e do não registo das crianças, o "primeiro direito" que lhes é negado. "Porque é que os pais não vão procurar os registos? É importante que as crianças sejam registadas", disse.

Abubacar Sultan aproveitou ainda o microfone para dizer, perante representantes do governo, que a Guiné-Bissau é um dos 27 países do mundo que ainda não assinou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

A ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social, Gabriela Fernandes, respondeu que o governo dará prioridade à ratificação da convenção e que já pediu à Assembleia Nacional Popular para que o fizesse o mais rapidamente possível.

A Guiné-Bissau apresentou na semana passada em Genebra, no Comité dos Direitos das Crianças, um relatório sobre a aplicação da Convenção dos Direitos das Crianças na Guiné-Bissau (ratificada em 1990), que segundo Abubacar Sultan foi bem recebido pelo Comité.

O último relatório da UNICEF, publicado a 30 de maio, coloca a Guiné-Bissau na 7.ª posição quanto à taxa de mortalidade, seguindo-se Angola, com 158 mortes por cada mil nascimentos.

A organização da ONU estima que no mundo cerca de 93 milhões de crianças (uma em cada 20 com menos de 14 anos) vivem com algum tipo de deficiência.

Algumas delas estiveram hoje no palco do centro cultural francês na Guiné-Bissau. Por exemplo Jaime Camará, 13 anos, estudante da terceira classe, que declamou um poema no qual disse que se pudesse transformava as armas em bengalas.

E também outros grupos de crianças mostraram no mesmo palco peças de teatro contra a discriminação. Uns da Escola da Bengala Branca e outros da Escola de Surdos-Mudos, para mostrar que a deficiência não é nem tem de ser um estigma.

FP // JMR

Lusa

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