Bissau- O representante da ONU na Guiné-Bissau disse ontem (quinta-feira) acreditar que a situação política se defina na próxima semana e que, se tudo correr como previsto, haverá uma conferência de doadores em 2014 para apoiar o país.
José Ramos-Horta falava após uma reunião com o presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Ibraima Sori Djaló, a quem deu conhecimento dos contactos que fez na sua recente viagem a Nova Iorque e de quem recebeu informações sobre o evoluir da situação política no país.
Na sequência do golpe de Estado do ano passado e da formação de um Governo de transição, a comunidade internacional tem exigido a formação de um Governo mais inclusivo, a aprovação de uma agenda de transição e a realização de eleições este ano.
Se, quanto à realização de eleições, os políticos, sociedade civil e militares já se entenderam, até agora não houve entendimento quanto aos outros dois pontos. Ramos-Horta afirmou-se, no entanto, optimista e disse acreditar que tudo ficará resolvido até à próxima semana.
"Sabemos que há muita imprevisão e desenvolvimentos inesperados nas negociações políticas", disse José Ramos-Horta, acrescentando saber também que estão a ser feitos "esforços", nomeadamente pelos dois principais partidos, PAIGC e PRS.
Para a manhã de hoje chegou a estar marcada a assinatura de um memorando de entendimento entre os dois partidos, na sede da União Africana (UA), que tem estado a mediar as negociações. A assinatura foi adiada para o fim da tarde.
O Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, ausente no estrangeiro, também deverá chegar na tarde de hoje, pelo que Ramos-Horta acredita que até à próxima semana será anunciado um novo Governo e o roteiro de transição, para que posteriormente seja assinado "um pacto de regime para o pós eleições".
"Continuo optimista, é preciso dar tempo, não pressionar demasiado. O ideal seria que o acordo e a formação do (novo) Governo de transição tenha lugar antes da cimeira da União Africana, no fim do mês em Addis Abbeba, o que abriria as portas para a readmissão da Guiné-Bissau", suspensa da UA depois do golpe de Estado, disse.
O chefe do gabinete da ONU em Bissau (UNIOGBIS) referiu ainda que o novo Governo não tem de corresponder às expectativas da comunidade internacional, mas sim da sociedade guineense e que para isso é preciso que o PAIGC participe, sendo a distribuição de pastas da forma que os políticos guineenses entenderem.
Ramos-Horta salientou que nos Estados Unidos se encontrou "com mais de 50 embaixadores", incluindo todos os da União Europeia, e com o secretário-geral da ONU, para debater a questão do país.
"Devo dizer que conseguimos colocar a Guiné-Bissau no mapa pela positiva, e não só pela negativa, não só pela questão da droga", disse, acrescentando que "há boa vontade e determinação da comunidade internacional para voltar a apoiar a Guiné-Bissau com força, para que a paz e a estabilidade voltem de vez".
No caso de se cumprir a agenda de transição, eleições e se forme um Governo estável haverá então uma conferência internacional para angariar fundos para o país.
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