O Governo de transição da Guiné-Bissau lançou esta terça-feira a primeira pedra para a construção de um centro de hemodiálise no país, uma obra que custará um milhão de euros, quase metade já disponibilizada pelo Japão, avança a agência Lusa.
A cooperação japonesa disponibilizou recentemente 300 milhões de francos CFA (458 mil euros) para o primeiro centro de hemodiálise do país.
De acordo com Fernando Vaz, ministro da presidência do conselho de ministros e porta-voz do Governo de transição, o lançamento da primeira pedra para construção do centro de hemodiálise "é uma das maiores expressões da soberania nacional".
Fernando Vaz, que esteve no ato em representação do primeiro-ministro de transição, afirmou ainda que as autoridades guineenses "têm uma profunda gratidão" ao Governo e ao povo do Japão pela solidariedade que demonstram à Guiné-Bissau "confrontada com um bloqueio da comunidade internacional".
"O contexto político não pode pôr em causa a sobrevivência de um nosso povo", observou Fernando Vaz.
O centro de hemodiálise, a ser construída de raiz no hospital Simão Mendes, deverá estar pronto dentro de cinco meses isto se o restante financiamento for conseguido, devendo depois ser equipado para que possa entrar em funcionamento ainda este ano.
O ministro da Saúde Pública da transição, Agostinho Cá, agradeceu aos que possibilitaram que, 40 anos após a independência, a Guiné-Bissau possa hoje iniciar a construção de um centro de hemodiálise e lembrou que as doenças renais "são um problema sério para a saúde pública" no país.
"Não é de hoje que se fala desse assunto. Este é um ato de grande importância para o povo da Guiné-Bissau. Toda a gente sabe a quantidade de pessoas que deixaram os seus familiares, o país, à procura de soluções para a sua saúde. Muitos morreram sem poder regressar ao país", enfatizou Agostinho Cá.
"Apelo aos nossos parceiros estratégicos para que nos ajudem a concretizar este projecto", frisou o ministro, enaltecendo que com entrada em funções do centro de hemodiálise em Bissau os hospitais portugueses ficarão também descongestionados.
Actualmente, os doentes com problemas renais da Guiné-Bissau são enviados para Portugal depois de submetidos a uma junta médica, ao abrigo de um acordo entre os dois países.
Marcelo Menezes, cirurgião português de origem guineense, um dos impulsionadores do projecto, afirmou que tem sido um dilema para os doentes da Guiné-Bissau quando vão em tratamento para Portugal.
"É um sacrifício enorme. Às vezes pensamos aqui no país que mandando um doente renal para Portugal é porque o seu problema está resolvido. É um erro", disse Menezes, explicando que só no hospital onde trabalha estão mais de 1.700 doentes com problemas renais à espera de serem atendidos.
O médico diz que devido às solicitações os doentes guineenses acabam por ficar na lista de espera.
"É por isso que quero sublinhar a importância deste evento que estamos a presenciar aqui. As doenças renais não vão baixar, temos que estar preparados. Mesmo que este centro venha a estar pronto não será suficiente para atender a todas as necessidades", observou Marcelo Menezes.
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