Um engenheiro guineense, a residir em Londres, lançou na internet uma petição contra o abate indiscriminado de árvores na Guiné-Bissau mas diz que os problemas ambientais estendem-se também a outras áreas, e que os russos estão a peneirar areias das praias para retirar minerais.
“Não sou político nem tenho ambições de o ser. Sou um técnico”, salientou, Otílio Camacho.
Embora a residir em Londres há três anos, mantém-se atento a tudo o que se passa na sua Pátria. Quando vê na imprensa um assunto que o preocupa entra em contacto com amigos e familiares na Guiné-Bissau para saber mais, faz pesquisas por conta própria.
Foi assim que soube do abate indiscriminado de árvores que dizsaber ter levado já a onfrontos entre populares e autoridades.
“No meu País, três por cento da floresta é abatido anualmente e cada vez mais” – o que, no seu entender, é muito para um território relativamente pequeno.
“Andam a dar licenças a chineses e russos e estão a dar cabo da zona [Sul]. Agora isso está a alastrar a todo o país e a situação degrada-se cada vez mais”.
Otílio Camacho diz que as consequências do desflorestamento são já bem visíveis no Leste do país, onde se registam secas e o solo se torna improdutivo.
O objectivo da petição é escrever ao Presidente da República da Guiné-Bissau, fazendo pressão para que ele acabe com o desmando.
Adianta que outros delitos ambientais estão a ser cometidos: “Na Praia Varela, os russos estão a revirar tudo e a retirar todos os minerais (esmerite, zincão e outros), criando situações de erosão”.
“Nem se sabe quem passou a licença e as autoridades dizem que não conseguem contactar a empresa russa” que está a revirar a praia.
Segundo o texto da petição, “o abate indiscriminado de árvores está a dar cabo de todo o ecossistema do país.
Tem-se verificado uma diminuição das chuvas por todo o território nacional, um aumento de temperatura, seca e falta de água potável em algumas regiões do interior com maior incidência na zona leste, especificamente Gabú e Bafatá, seca de algumas bolanhas e rios, perda de habitat e morte de grande parte de animais”.
A petição adianta que “a população, principalmente os que vivem nos campos, não satisfeitos e vendo suas vidas a ser destruídas por quem os deveria proteger, encetaram várias manifestações por forma a pôr fim aos abates, chegando inclusive a haver confrontos com as próprias autoridades”.
“Indiferente a tudo isso, o governo continua a conceder licenças de exploração … aos chineses e russos, por valores ridículos, o que em nada abona a favor dos guineenses.”
Ao lado da petição, há uma nota explicativa em que se refere a situação do país após o golpe de estado e a formação de um governo de transição.
“Os militares elegeram um governo de transição que tem governado o país sob suas ordens, até à data presente. Isso não só gerou uma onda de indignação por todo o território nacional dividindo profundamente os guineenses, como o país sofreu um bloqueio internacional. Sem ajudas e sem dinheiro, os militares e este governo, têm recorrido a tudo o que é ilegal em benefício próprio, sendo o estado considerado um narcoestado”.
“O objectivo desta petição, é ajudar um povo martirizado e cansado dos seus governantes. Ajudar a travar a destruição do país imposta por este governo de transição e pelos militares”.
“Entendo por bem agir por forma a minimizar os problemas, daí pedir vosso apoio. Ajudem-me a travar a destruição da minha terra, ajudem-me a sonhar e a fazer sonhar”, escreve Otílio Camacho.
A petição pode ser encontrada em www.avaaz.org/po/petition
Veja Vídeo da RTP sobre este tema:
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=625783&tm=7&layout=122&visual=61
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