Lisboa, 17 abr (Lusa) - A comunidade guineense vai manifestar-se hoje em Lisboa contra o golpe de Estado no seu país e entregar uma carta na embaixada da Guiné-Bissau, assim como em outras instituições da comunidade internacional, disse hoje um dos organizadores do protesto.
"A manifestação decorrerá às 16:00, em Lisboa", disse Malam Gomes à agência Lusa.
Segundo o guineense, os manifestantes vão concentrar-se em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, de onde seguirão até à embaixada da Guiné-Bissau, onde será entregue "uma carta a ser enviada ao Estado-Maior das Forças Armadas (guineense)".
"Esta carta será também enviada ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português, à CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), à representação da Nações Unidas em Portugal e também à representação da União Europeia", disse.
"Queremos que a comunidade internacional, juntamente com os cidadãos guineenses, mobilize as pessoas de boa vontade, amigos da Guiné-Bissau, para nos ajudar a sair desta situação, de uma vez por todas", acrescentou Malam Gomes.
De acordo com a mesma fonte, não é admissível "a continuação sucessiva de golpes militares".
"Alguns militares e políticos pensam que aquele país é deles, o país não tem dono, é de todos os guineenses", sublinhou.
A Guiné-Bissau está controlada desde quinta-feira por um Comando Militar, que desencadeou um golpe de Estado na véspera da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais, disputadas pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e Kumba Ialá, que no entanto se recusa a participar na votação.
Desde quinta-feira que é desconhecido o paradeiro de Carlos Gomes Júnior e do Presidente interino, Raimundo Pereira.
Um Conselho Nacional de Transição foi criado no domingo pelos partidos de oposição, numa reunião em que o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), não participou.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau mereceu ampla condenação internacional, incluindo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que, após uma reunião de ministros no sábado em Lisboa, decidiu propor uma força de interposição com aval da ONU e sanções individualizadas contra os golpistas.
CSR.
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