sexta-feira, 3 de junho de 2011

No estabelecimento prisional de Mansoa quem manda é uma mulher

Bissau, 02 jun (Lusa) - As reclamações dos reclusos da prisão de Mansoa não assustam Ilda Tamba, 31 anos, licenciada em Direito, e recentemente nomeada pelo Ministério da Justiça diretora daquele estabelecimento prisional, que hoje começou a funcionar.

"É muito difícil", diz, serena, à Agência Lusa, enquanto os reclusos reclamavam por tinham fome, por falta de água e a exigirem o regresso às precárias instalações da segunda esquadra em Bissau.

"É uma dor de cabeça. Querem isto, querem aquilo", disse Ilda Tamba.

Questionada sobre como os reclusos encaram o facto de a diretora da prisão ser uma mulher, Ilda Tamba sorri e diz: "olham para mim com aquele olhar (admirado) que quer dizer uma mulher".

Quanto terminou a licenciatura em Direito, Ilda Tamba nunca pensou vir a ser nomeada diretora do estabelecimento prisional de Mansoa.

"Quando terminei os estudos entreguei os documentos no Ministério da Justiça e depois chamaram-me para participar no concurso para diretores de estabelecimento prisional, mas não tinha pensado em nada disso", diz.

Depois do concurso, foi uma emoção. Ilda Tamba foi ver os resultados e tinham apenas selecionado duas mulheres, ela era uma delas, a outra está a dirigir o estabelecimento prisional de Bafatá.

"A primeira coisa que me passou pela cabeça foi que responsabilidade é esta. Muita responsabilidade, mas também tivemos a formação necessária para cumprir esta missão", refere.

Para a jurista, o rigor deve estar acima de tudo.

"Os presos de Mansoa estão em prisão preventiva e temos de cuidar deles com rigor e isso inclui o respeito pelos direitos humanos. Não é pelo facto de serem hoje prisioneiros que deixam de ser seres humanos. Devem ser tratados com dignidade", salienta.

Para os amigos e família de Ilda Tomba é bom "ter trabalho", mas, segundo a jurista, não percebem a dimensão da sua profissão.

"O estabelecimento prisional é algo novo na Guiné-Bissau. As pessoas ainda não têm ideia do que isso quer dizer. Não conhecem a realidade, nem como funciona", explica à agência Lusa.

"É um trabalho, dizem, mas não sabem o que é. Não percebem o grau de responsabilidade e de importância daquilo que se faz", conclui.

MSE.

Lusa/fim

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