Bissau, 05 jun (Lusa) -- Desde a primeira intervenção do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na Guiné-Bissau em 1976, a instituição disponibilizou cerca de 268 milhões de dólares em 40 projetos e o apoio poderia ser maior sem o histórico recente de instabilidade política no país.
Atualmente, o BAD tem seis operações no país, que abrangem vários setores com maior predominância no social, explicou à agência Lusa o coordenador da instituição, em Bissau.
Para Ansumane Mané, a "Guiné-Bissau podia ter mais", mas fatores como a instabilidade "também têm impactos negativos".
"O BAD não vira costas à Guiné-Bissau e não podemos impor sanções à Guiné-Bissau porque houve isto e isto. Nós temos de continuar ao lado da Guiné-Bissau para ajudar a ultrapassar problemas que levam a crises. Esse é que é o nosso objetivo", explicou Ansumane Mané.
A Guiné-Bissau é membro regional do BAD há 35 anos, mas nunca nenhum presidente daquela instituição visitou o país.
A última visita prevista de um presidente do BAD foi cancelada devido aos acontecimentos de abril de 2010, quando uma intervenção militar em Bissau conduziu à prisão do chefe das forças armadas, Zamora Induta, e à detenção por um curto período do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
O líder da ação militar de 01 de abril, António Indjai, é o atual chefe das forças armadas guineenses.
"Neste momento, temos seis operações dos quais cinco são projetos e um é apoio orçamental. A nossa maior concentração está na área social, nomeadamente na saúde e educação", que representa cerca 64,5 por cento do envelope atual da intervenção do BAD.
Os apoios têm ajudado as autoridades guineenses a reabilitar escolas, editar manuais, formar professores, criar centros de formação, mas também recuperar o Hospital Nacional Simão Mendes e centros de saúde no país.
Paralelamente, o BAD tem mais dois grandes projetos a decorrer na Guiné-Bissau: um para reabilitar o setor agrícola e rural e outro de apoio ao setor das pescas.
O Projeto de Reabilitação do Setor Agrícola e Rural pretende relançar a produção agrícola no país, ao mesmo tempo que garante a segurança alimentar, e abrange cerca de 600 mil pessoas.
O Projeto de Apoio ao Setor das Pescas prevê a construção do grande porto de pesca industrial do país.
"O objetivo é melhorar e aumentar a capacidade das autoridades nas negociações com os parceiros no domínio das pescas", disse Ansumane Mané.
Segundo o responsável, o porto vai criar condições para o desembarque de todo o peixe pescado em águas guineenses.
"Neste momento, com o porto de pesca construído, com todas as infraestruturas de pesca, não há motivo para não se descarregar pescado na Guiné-Bissau", disse.
No total, os cinco projetos e o apoio orçamental significam um investimento de 71,4 milhões de euros, que o BAD financia a 100 por cento e como donativo por considerar a Guiné-Bissau um estado frágil.
MSE
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