Nova Iorque - O líder da agência da ONU para o combate às drogas e crime organizado vai estar em Bissau em Outubro para encontros com as autoridades guineenses, anunciou hoje (terça-feira) o representante das Nações Unidas para a Guiné-Bissau.
Num briefing ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o líder do escritório na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), Joseph Mutaboba, afirmou que o tráfico droga "continua a ser um grande desafio à estabilidade" do país lusófono, e que as autoridades devem "mostrar um compromisso de maior firmeza e determinação para mobilizar os recursos nacionais para lidar com este flagelo".
Apontou progressos recentes como o estabelecimento de mecanismos de coordenação policial, o lançamento de uma unidade de combate ao crime internacional e a recente adopção pelo governo do plano operacional 2011-14 para combater o narcotráfico, crime organizado e abuso de drogas.
Mas lamentou falhas ao nível das agências de peritos, em particular na partilha apropriada de informação, análise e estudos comparativos sobre o fenómeno na região.
"Actualmente, o debate [sobre o narcotráfico] é entre as autoridades, que dizem não ser tão disseminado quanto parece, enquanto fontes qualificadas dizem o contrário, sem contudo disponibilizarem provas", criticou Mutaboba.
Para "trabalhar neste exercício", o líder da UNODC, Yuri Fedotov, irá a Bissau em Outubro, num périplo por outros países da região.
No seu último relatório ao Conselho de Segurança sobre os desenvolvimentos na Guiné-Bissau e UNIOGBIS, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alerta para os "recursos limitados" de que as autoridades guineenses dispõem para combater o narcotráfico.
"Continuo particularmente preocupado com as actividades de tráfico de droga na Guiné-Bissau", que são uma "ameaça" à paz no país, refere.
"Apelo aos parceiros da Guiné-Bissau para que aumentem a assistência para monitorizar estas actividades ilegais e contribuir para o fortalecimento de capacidades para lidar com este flagelo de uma maneira eficaz e coordenada", adianta.
Na sua intervenção de hoje, Joseph Mutaboba alertou para a "fragilidade" dos recentes ganhos na estabilidade e clima político em Bissau, cuja consolidação tem de ser o "foco" da comunidade internacional.
"Continua a haver preocupações sérias com a falta de empenho das autoridades para lidar com a impunidade, tráfico de droga e crime organizado, apesar do potencial devastador para a estabilidade do país", afirmou.
A Guiné-Bissau está "numa encruzilhada", e só com apoio dos parceiros internacionais podem ser criadas condições para avançar genuinamente com o "diálogo nacional, reforma do sector de segurança e reformas sócio -económicas chave".
Às autoridades guineenses, Mutaboba pediu que "tenham em mente as suas obrigações para sustentar o compromisso a longo prazo dos parceiros internacionais em apoio aos passos iniciais e tímidos dados até agora" e também que demonstrem maior liderança na resolução de assuntos chave que podem tornar os progressos feitos "vulneráveis e reversíveis".
Só com apoio da comunidade internacional, sublinhou, será possível implementar o "crucial" fundo de pensões para reforma, reinserção e reintegração de elementos das forças de segurança, bem como o rejuvenescimento e profissionalização das mesmas.
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