"A Guiné-Bissau é um Estado de Direito e, por isso mesmo, não se pode permitir que um simples vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria vá à Guiné-Bissau indicar um Presidente da República de transição",disse Carlos Gomes Júnior.
Praia - O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril passado, disse nesta terça-feira (31), na cidade da Praia, capital de Cabo Verde, estranhar a "teimosia" da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de não dialogar com outros parceiros no tocante à resolução da crise na Guiné-Bissau.
Carlos Gomes Júnior, que participa numa reunião do Comité África da Internacional Socialista, enquanto líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), considerou que a CEDEAO devia dialogar com parceiros como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a União Africana (UA) e a Organização das Nações Unidas (ONU), para resolver esta crise.
Ele afirmou que a organização oeste-africana devia ser mais inclusiva e não pretender pilotar sozinha o problema da Guiné-Bissau.
"O problema não é só da CEDEAO", afirmou o PM bissau-guineense deposto. reconhecendo, entretanto, que alguns países-membros da organização, que não mencionou, "estão mais diretamente envolvidos no problema".
Carlos Gomes Júnior recordou que, há três dias, o Conselho de Segurança (CS) da ONU decidiu promover uma reunião, de alto nível, na qual devem participar todos os parceiros, para analisar, o mais rapidamente possível, a evolução da situação resultante do golpe de Estado que interrompeu o processo das eleições democráticas que vinha decorrendo na Guiné-Bissau.
Falando aos jornalistas à margem do encontro, Carlos Gomes Júnior disse esperar retomar, a qualquer momento, as funções de primeiro-ministro legalmente eleito na Guiné-Bissau.
"A Guiné-Bissau é um Estado de Direito e, por isso mesmo, não se pode permitir que um simples vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria vá à Guiné-Bissau indicar um Presidente da República de transição", indignou-se.
Na sua ótica, é uma falta de respeito para com a Guiné-Bissau e uma falta de respeito para com África.
"Temos, por isso mesmo, que assumir as nossas responsabilidades", acrescentou Gomes Júnior, reiterando que ele continua a ser o chefe do Executivo bissau-guineense e manifestando-se convicto de que voltará a ocupar o lugar.
"Sou o primeiro-ministro 'de facto'. O atual é ilegal e o presidente interino é ilegal porque a Guiné-Bissau é um Estado de Direito e tem uma Constituição", sustentou.
Carlos Gomes Júnior agradeceu as posições "firmes" de Cabo Verde, Portugal, CPLP e UA e todo o apoio que têm estado a dar para a reposição da ordem constitucional na Guiné-Bissau.
"A ONU já aprovou uma resolução que determina a reposição imediata da ordem constitucional. Porquê essa teimosia da CEDEAO em querer pilotar sozinha o problema na Guiné-Bissau ?", interrogou-se o presidente do PAIGC, esperando também da reunião que decorre na capital cabo-verdiana uma posição forte, sobre a Guiné-Bissau, da família da Internacional Socialista.
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