sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Carlos Gomes Júnior defende envio de força multinacional para evitar "barbaridades" da CEDEAO

  • Carlos Gomes Júnior, ex primeiro-ministro da Guiné Bissau

    Carlos Gomes Jr., primeiro-ministro da Guiné Bissau


O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau voltou hoje a defender o envio para o país de uma força multinacional "sob o chapéu das Nações Unidas" para evitar as "barbaridades" cometidas pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Carlos Gomes Júnior falava aos jornalistas à saída de um encontro com o presidente da Comissão Europeia, em Lisboa, durante o qual agradeceu a posição de Durão Barroso e da União Europeia sobre a crise na Guiné-Bissau.

A reunião surge dias depois de Durão Barroso ter exigido o respeito pela ordem constitucional e afirmado, na abertura da IX conferência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a 20 de julho em Maputo, que a União Europeia não tolerará mais golpes na Guiné-Bissau.

"A UE é um parceiro muito importante para a Guiné-Bissau. Temos de mantê-lo informado e trocar opiniões", disse o primeiro-ministro deposto, que saiu da reunião acompanhado do ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo deposto no golpe de Estado de 12 de abril, Mamadu Djaló Pires, e do embaixador da Guiné-Bissau em Portugal, Fali Embaló.

Questionado sobre qual a mensagem de Durão Barroso na reunião de hoje, Carlos Gomes Júnior disse que o presidente da Comissão Europeia "tem recomendado o diálogo das partes para tentar arranjar uma solução, mas condenando sempre o golpe".

O primeiro-ministro deposto recordou ter proposto em maio ao Conselho de Segurança da ONU uma reunião de alto nível com o objetivo de enviar uma força multinacional para a Guiné-Bissau, "sob o chapéu das Nações Unidas" para acabar com "as barbaridades que [a CEDEAO] está a fazer na Guiné-Bissau".

Carlos Gomes Júnior referia-se ao envio, por parte da organização regional, de "um pequeno ministro da Nigéria para impor [à Guiné-Bissau] um presidente de transição": "Isso não é lógico e não tem espaço na Constituição da Guiné-Bissau".

Para o responsável, a CEDEAO "não se pode arrogar sozinha a resolver o problema da Guiné-Bissau", já que há outros organismos, como a União Africana e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que "têm uma palavra a dizer para, conjuntamente, tentar arranjar uma solução".

A Guiné-Bissau tem um Governo e um Presidente de transição, mas a maioria da comunidade internacional não reconhece as atuais autoridades saídas do golpe.

A CEDEAO é a única instância internacional que apoia as atuais autoridades de transição.

O presidente e o primeiro-ministro depostos estão em Portugal.

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