A direção do Movimento da Sociedade Civil da Guiné-Bissau rejeitou hoje, em comunicado, as acusações da Liga Guineense dos Direitos Humanos, segundo as quais a plataforma teria apoiado o golpe de Estado de 12 de abril.
Em carta a que a Lusa teve acesso, a Liga dos Direitos Humanos suspendeu a sua participação no Movimento da Sociedade Civil (plataforma que congrega mais de 100 organizações da sociedade civil guineense), por discordar do posicionamento de alguns membros da direção que acusa de terem apoiado o golpe de Estado militar.
"O Movimento da Sociedade Civil lamenta o facto de esta carta ser publicada nos órgãos de comunicação social, mas faz saber que é um direito que assiste (a Liga) enquanto membro do Movimento", diz o comunicado entregue hoje à Lusa.
No entanto, o Movimento da Sociedade Civil lembra à Liga que é missão da organização criada em 1999, na sequência da guerra civil que o país viveu nessa altura, "contribuir para a paz, democracia e diálogo" entre os guineenses.
Para o Movimento, se a organização não tivesse encetado o diálogo com as diferentes partes envolvidas no golpe de Estado e no exercício do poder "não estaria a cumprir com os seus objetivos".
"Quando se deu o golpe de Estado, no dia 12 de abril, o Movimento condenou sem equívoco o referido ato, manifestou essa posição de condenação nos encontros com os militares, partidos políticos e mesmo com a CEDEAO", frisa o comunicado do Movimento.
Em relação à proposta de saída de crise apresentada pela CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) que passa pela indigitação de Serifo Nhamado para Presidente de transição e formação de um Governo de transição, o Movimento diz ter alertado para o facto de não ser uma solução consensual.
"Fizemos ver à CEDEAO que tal solução era uma imposição, mas para cuja implementação o Movimento iria colaborar em nome da paz e dos superiores interesses do Estado" guineense, frisa o documento do Movimento.
A organização acrescenta que continua a falar com todos os atores políticos do país e que não tem e nem nunca teve compromissos com qualquer regime no país.
"O nosso compromisso é com o povo. O papel das organizações da sociedade civil e humanitárias numa situação de conflito e de instabilidade é de promoção do diálogo e defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e não escolher partes", defende o Movimento.
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