sexta-feira, 6 de abril de 2012

Cabo Verde: Primeiro-ministro preocupado com situação na Guiné-Bissau

Praia – O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, manifestou, esta quinta-feira, 5 de Abril, a sua preocupação face à situação na Guiné-Bissau e apelou ao bom senso e ponderação das partes envolvidas no conflito político naquele país.

«Apelo a todas as partes para que haja muita ponderação e muito diálogo, muita negociação porque não é possível qualquer outra derrapagem na Guiné-Bissau neste momento», declarou José Maria Neves aos jornalistas à saída da Presidência da República, momentos após da cerimónia de posse dos novos membros do seu Governo.


O primeiro-ministro comentava o agravamento do impasse político guineense, com a suspensão, esta quinta-feira, da campanha eleitoral para a segunda volta das presidenciais no país, agendadas para 22 de Abril.


José Maria Neves informou que está em permanente contacto com a presidência da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para que haja diálogo, capaz de conduzir a Guiné-Bissau à normalidade.


«É preciso que haja submissão do poder militar ao poder civil e é preciso respeitar os resultados da primeira volta e abrir caminho para a realização da primeira volta das eleições. Só se pode conseguir isso através de eleições e da criação de condições para a realização da segunda volta», sublinhou.


Igualmente, o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, ao ser abordado pelos jornalistas, manifestou a sua preocupação com a situação na Guiné-Bissau que, explicou, «é de alguma tensão entre as partes».


«Nós vamos acompanhando. Nós apoiamos na Cimeira extraordinária da CEDEAO a posição tomada pelos chefes de Estado e de Governo da comunidade e também a posição da União Africana e esperamos que haja bom-senso e que as coisas decorram com base nas decisões tomadas pelas instâncias constitucionalmente legitimadas na Guiné-bissau», referiu.


Questionado se Cabo Verde está disponível para mediar o conflito político guineense, perante a recusa de Kumba Ialá em aceitar o Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, Jorge Carlos Fonseca respondeu que o arquipélago estará disponível para, na medida das suas possibilidades, ajudar a resolver da melhor maneira os problemas no país vizinho.


Já o primeiro-ministro, José Maria Neves, descartou essa possibilidade de mediação, afirmando que Alpha Condé é um grande mediador, acrescentado que Cabo Verde não quer assumir nenhum protagonismo especial nesta matéria.


A Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau suspendeu o início da campanha eleitoral para a segunda volta das eleições presidenciais antecipadas, até que o Supremo Tribunal de Justiça se pronuncie.


Cinco dos nove candidatos que disputaram a primeira volta das eleições interpuseram um recurso no Supremo Tribunal de Justiça, exigindo a anulação do escrutínio, realizado a 18 de Março, sob alegação de fraude.

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