Dakar - A União Africana (UA) pretende criar uma "estrutura sólida com carácter permanente" na Guiné-Bissau para melhor acompanhar o processo de reforma do seu sistema de defesa e segurança, soube sexta-feira de fonte diplomática.
De acordo com o seu representante especial na Guiné-Bissau, o diplomata angolano Sebastião Isata, há uma necessidade urgente de uma "presença significativa" da UA neste conturbado país da África Ocidental vítima de ciclos de instabilidade político-militar marcada pelo assassinato de várias altas figuras do Estado.
Isata chegou esta semana à capital etíope, Addis Abeba, no quadro da preparação da sua missão na Guiné-Bissau, tendo já mantido vários encontros de trabalho com responsáveis da UA e de instituições parceiras, incluindo a União Europeia (UE), refere uma nota transmitida em Dakar.
Entre as personalidades já contactadas pelo diplomata angolano ao seu serviço da UA figuram o comissário desta organização para a Paz e Segurança, o Argelino Ratmara Lamara, e o chefe da delegação da UE junto da União Africana, Koen Vervaere.
Ele indicou que a organização continental conta, nos seus novos esforços de paz na Guiné-Bissau, com o apoio da União Europeia que já manifestou o desejo de reabrir a sua missão na capital guineense encerrada desde Junho passado.
Para além da questão da retomada da participação da UE no processo de reforma institucional na Guiné-Bissau, o encontro mantido com Vervaere versou igualmente sobre a necessidade de uma "responsabilidade partilhada" entre as duas organizações na busca de soluções para a instauração de uma paz definitiva neste país.
Segundo a mesma nota, a UE expressou a sua vontade de apoiar a reforma institucional na Guiné-Bissau, particularmente na sua vertente militar ligada à desmobilização dos antigos combatentes e a compensação destes com uma pensão de reforma "condigna".
A este propósito, o documento acrescenta que o enviado especial da UA para a Guiné-Bissau deu igualmente conta da vontade expressa pela União Europeia de realizar uma mesa redonda de doadores para ajudar este país africano de expressão lusófona a sair do "estado preocupante em que se encontra mergulhado".
De 52 anos de idade, Sebastião Isata, docente universitário especializado em Relações Internacionais, foi nomeado, este ano, enviado especial do presidente da Comissão da UA, Jean Ping, para a Guiné-Bissau em substituição do seu compatriota João Miranda.
Este último, que foi ministro angolano das Relações Exteriores, deixou o cargo depois da sua designação, no princípio deste ano, como governador da província angolana do Bengo.
Sem comentários:
Enviar um comentário