Os ministros da Defesa de Portugal e do Brasil reafirmaram hoje, em Lisboa, que a cooperação nesta área com a Guiné Bissau exige normalidade constitucional no país e que a estabilidade é necessária também para haver cooperação noutros setores.
O ministro Augusto Santos Silva disse que “Portugal fez saber às autoridades guineenses que está disponível para continuar, e até aprofundar, a cooperação técnico militar, mas é condição ´sine qua non` a plena normalidade constitucional”, onde cabe a obediência do poder militar.
Nelson Jobim, ministro da Defesa do Brasil, afirmou que “há uma coincidência muito grande” de posições entre Portugal e o Brasil nesse aspeto, e frisou ainda que “a defesa e o desenvolvimento são duas faces da mesma moeda”.
Além de temas bilaterais, os dois ministros abordaram hoje, em Lisboa, questões multilaterais, incluindo temas que estarão na agenda da próxima reunião ministerial de defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que vai realizar-se em Brasília, em novembro.
Questionado sobre a possibilidade de o Brasil integrar ou até liderar uma hipotética missão de tropas a enviar para a Guiné-Bissau, o ministro brasileiro garantiu que “o Brasil nunca intervém num país para fazer a paz, só o faz para manter a paz”.
E para isso, adiantou tem de haver “solicitação desse país, o que não aconteceu”, e a missão deve estar sob a bandeira de uma organização internacional, que “pode ser da ONU ou da União Africana”.
Na visita recente do presidente da Guiné-Bissau ao Brasil, houve sim conversações para cooperação na área económica, nomeadamente para a industrialização da produção de caju e para criar um setor das pescas.
“A Guiné-Bissau atualmente aluga as suas águas para pesca, e nós dissemos-lhe que está na hora de criar uma indústria própria, tendo nós ´expertise´ para cooperarmos nessa área”, adiantou o ministro brasileiro.
A cooperação de Portugal e do Brasil, de forma a que esta seja articulada entre si, com a África que fala português, foi um dos temas da reunião, que precedeu a assinatura de um acordo para definir a participação portuguesa na construção do avião de transporte militar KC-390, um projeto da empresa brasileira Embraer, com fábricas em Portugal.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
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