Metade das mulheres da Guiné-Bissau entre os 15 e 49 anos ainda sofre de mutilação genital, alertou a representação guineense que participou hoje na primeira "Cimeira da Rapariga" (Girl Summit), realizada em Londres.
A luta contra a mutilação genital feminina e o casamento precoce foram os temas centrais da iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Governo britânico com o objetivo de mobilizar apoios contra os dois flagelos.
Na Guiné-Bissau, quase um terço das raparigas casam antes dos 18 anos.
O país esteve representado pela presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas, Fatumata Djau Baldé, e a participação foi antecedida por diversas iniciativas em território guineense.
O comité mantém "um trabalho contínuo com as comunidades para a promoção da transformação social necessária visando o abandono das práticas nefastas", destacou hoje a UNICEF em comunicado.
Os números relativos à Guiné-Bissau foram calculados em 2010 de acordo com as respostas ao Inquérito aos Indicadores Múltiplos (MICS), organizado pela UNICEF e organismos estatais.
A Assembleia Nacional Popular guineense (parlamento) aprovou em junho de 2011 uma lei que proíbe a mutilação e foi conquistado o compromisso de líderes religiosos para abandono da mutilação genital.
No entanto, a excisão é uma prática com tradições seculares e persiste em muitas comunidades com o objetivo de condicionar a liberdade sexual das mulheres até ao casamento - que em muitos casos é negociado e forçado pela família, sendo a mutilação um requisito.
A prática é responsável pela morte de crianças e mulheres devido a problemas como hemorragias ou infeções, pela falta de condições em que é praticada, e é causa frequente de traumas físicos e psicológicos para quem sobrevive.
Lusa
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