terça-feira, 22 de julho de 2014

(Os Filhos do Vento: Em Busca do Pai Tuga)vence Prémio Gazeta Multimédia

A reportagem Filhos do Vento, de Catarina Gomes, Ricardo Rezende e Manuel Roberto, foi distinguida com o Prémio Gazeta na categoria Multimédia, atribuído pelo Clube de Jornalistas. Uma história sobre um tema tabu na sociedade portuguesa.

Os Filhos do Vento: Em Busca do Pai Tuga conta a história de guineenses filhos de militares portugueses que estiveram na Guiné-Bissau durante a guerra colonial e que querem conhecer os seus pais. A jornalista Catarina Gomes, o videojornalista Ricardo Rezende e o fotojornalista Manuel Roberto viajaram até à Guiné em Maio de 2013 em busca de alguns desses filhos.

Em comunicado, o Clube de Jornalistas elogia uma “reportagem que cruza diferentes meios com grande eficácia, num trabalho de equipa ao melhor nível do ciberjornalismo”. Para a jornalista Catarina Gomes, a distinção é o“reconhecimento de um novo caminho que a imprensa escrita – e em particular o PÚBLICO – está a trilhar, em que o texto se alia à imagem em movimento, criando novas portas de entrada na mesma história”. É a primeira vez que o prémio Gazeta Multimédia – categoria criada em 2010 – é atribuído a um trabalho que teve origem e foi publicado num órgão de comunicação social. Nos dois primeiros anos, o prémio não havia sido atribuído por falta de qualidade dos trabalhos, justificou o Clube de Jornalistas, e no ano passado foi entregue a Tiago Carrasco, João Fontes e João Henriques pelo documentário A Estrada da Revolução.

“Este prémio tem um enorme significado”, diz Sérgio Gomes, editor de plataformas e multimédia do PÚBLICO. “As secções Multimédia afirmam-se cada vez mais nas redacções em Portugal. São hoje um vector fundamental para os projectos de media que têm a ambição de inovar ou tão simplesmente acompanhar os hábitos de consumo e recepção de reportagens e de noticiário, que hoje estão muito mais dependentes da imagem e de formas alternativas de apresentar histórias. Desde há muito que o jornal compreendeu a necessidade de formar uma secção autónoma que soubesse responder aos enormes desafios editoriais que se levantam de cada vez que nos deparamos com histórias como a que foi contada em Filhos do Vento.”

A reportagem Filhos do Vento materializou-se, a par do texto publicado na edição impressa, num site especial concebido por Dinis Correia e Andrea Espadinha, onde foram disponibilizadas reportagens em vídeo, fotogalerias e ainda informações de filhos que procuram os pais. Centenas de pessoas deixaram testemunhos através de um endereço de email criado especialmente para partilhar histórias e potenciar reencontros. “Este prémio vem dar visibilidade a um tema tabu na sociedade portuguesa, um tema que esteve arrumado numa gaveta durante 40, 50 anos”, explica Catarina Gomes. “Os ex-combatentes deixaram filhos em África. Eles existem, são muitos e gostavam de conhecer os seus pais portugueses.” Uma história que vai“continuar a ser contada”, promete.

No PÚBLICO, foi também publicado o trabalho que deu o Gazeta Revelação à jovem jornalista Catarina Fernandes Martins (hoje jornalista do Observador), com Homem que matou um homem e encontrou Saramago na prisão. Uma reportagem que narra a história singular de Simão Barata: condenado por homicídio involuntário, descobre na prisão – e na obra de José Saramago – a forma de combater a solidão e reencontrar-se como cidadão livre e solidário.

O Prémio Gazeta de Imprensa foi atribuído ao jornalista Paulo Pena (que integra agora a equipa do PÚBLICO), com os trabalhos Bancocracia e O lado oculto dos mercados publicados na revista Visão. “Trabalhos rigorosos, de grande qualidade jornalística, que contribuem para uma maior informação da opinião pública portuguesa”, escreve o Clube de Jornalistas no comunicado em que anuncia os vencedores.

Na categoria de Televisão, a vencedora foi a jornalista Ana Leal, com o trabalho Verdade Inconveniente, transmitida pela TVI. Uma história reveladora dos negócios do ensino privado, “um tema pouco comum no jornalismo televisivo”, realça o Clube de Jornalistas em comunicado. Na categoria de Rádio, Maria Augusta Casaca venceu com Catarina é o meu nome, transmitido na TSF. Com sonoplastia de João Félix Pereira, a reportagem evoca Catarina Eufémia, a figura mítica da camponesa alentejana assassinada em Maio de 1954.

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