quinta-feira, 3 de julho de 2014

OMS convoca reunião de emergência para atacar surto de ébola (Entretanto a Cruz Vermelha admitiu hoje que a epidemia do vírus pode espalhar-se a países vizinhos, como a Guiné-Bissau.)

Peritos internacionais e governantes vão propor medidas urgentes que façam frente à epidemia.

PREVENÇÃO Uma mulher liberiana lê um panfleto informativo sobre a prevenção do vírus de Ébola, durante a campanha de sensibilização da UNICEF

PREVENÇÃO Uma mulher liberiana lê um panfleto informativo sobre a prevenção do vírus de Ébola, durante a campanha de sensibilização da UNICEF / FOTO AHMED JALLANZO/EPA


É o pior surto da febre hemorrágica ébola alguma vez visto. É por essa razão que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reuniu em Accra, no Gana, os 11 países mais afetados. Só este ano, mais de 400 pessoas já morreram.

O epicentro da epidemia situa-se nos arredores da cidade de Gueckedou, na República da Guiné, mas o número de mortos tem vindo a aumentar em países como a Libéria e a Serra Leoa. Os ministros da Saúde que representam estes três países vão juntar-se à Costa do Marfim, Mali, Guiné-Bissau, Senegal, Uganda, República Democrática do Congo, Gâmbia e ao Gana na reunião da OMS, que pretende delinear estratégias de contingência.

Com a colaboração de peritos internacionais, os ministros vão analisar e propor medidas urgentes que façam frente à epidemia, num plano de ação e prevenção do surto.

Um relatório da OMS lançado terça-feira dá conta de 759 casos de febre hemorrágica, sendo que, desde o início do ano, morreram 467 pessoas.

De acordo com os especialistas de saúde no terreno, não existem muitas dúvidas quanto às razões que levam à propagação do vírus: o medo e a negação em torno da doença. Algumas comunidades, esclarecem os especialistas, escondem os entes queridos que ficam doentes e levam-nos a curandeiros e médicos tradicionais em vez de se deslocarem ao hospital, o que aumenta o risco de propagação do vírus. Na Libéria, as autoridades já advertiram que quem esconder um familiar vítima de ébola será processado.

Apesar dos esforços da OMS, que enviou mais de 150 especialistas ao terreno, houve um aumento significativo de mortes. A OMS está "seriamente preocupada com a transmissão entre fronteiras de países vizinhos, assim como a potencial transmissão internacional".

Apesar de a maioria das mortes se centrar na zona de Guekedou, sul da Guiné (onde o surto foi relatado pela primeira vez em fevereiro), outras regiões fronteiriças têm permitido que pessoas infetadas transportem a doença para outros países.

Uma doença contagiosa

De acordo com a organização de saúde, a ébola é uma doença grave com uma taxa de fatalidade que chega aos 90%. É transmitida pelo contacto direto com o sangue, fluidos corporais e tecidos de animais infetados.

Não existe vacina ou cura. Ao invés, os doentes devem ser colocados em quarentena e os familiares devem ser impedidos de ter qualquer forma de contacto com o doente.


Entretanto a Cruz Vermelha admitiu hoje que a epidemia do vírus Ébola    pode espalhar-se a países vizinhos, como a Guiné-Bissau.

A Cruz Vermelha admitiu hoje que a epidemia do vírus Ébola que afeta a Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacri pode espalhar-se a países vizinhos, como a Guiné-Bissau.

"Os riscos de propagação para outros países não estão excluídos", frisou o assessor de imprensa da Cruz Vermelha, Benôit Carpentier, em declarações à Agência Lusa em Genebra.

A Cruz Vermelha irá participar nesta quarta-feira com a Organização Mundial de Saúde (OMS) numa reunião ministerial em Accra, Gana, para discutir a epidemia.

A mesma fonte indicou que as sociedades nacionais da Cruz Vermelha em todos os países da região estão em alerta para fornecer mensagens de prevenção assim como formação e material adequado em caso de epidemia.

Por enquanto, a epidemia está limitada à Serra Leoa, Libéria e Guiné Conacri e nenhum caso foi detetado ainda na Guiné-Bissau, que faz fronteira com a Guiné Conacri.

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