A ministra ganesa dos Negócios Estrangeiros, Hanna Tetteh, saudou hoje, em declarações à Lusa em Malabo, Guiné Equatorial, o regresso da Guiné-Bissau à União Africana, depois da normalização democrática do país.
"O regresso da Guiné-Bissau é um importante acontecimento, uma demonstração de que regressaram ao caminho democrático e um sinal justo que a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e da União Africana (UA) confiam no novo governo eleito", afirmou Hanna Tetteh.
A cimeira da UA que começa hoje em Malabo assinala também o regresso da Guiné-Bissau a vários organismos da comunidade internacional, depois de a sua participação ter sido suspensa há dois anos, após um golpe de Estado.
No encontro participa José Mário Vaz, o recém-eleito Presidente da Guiné-Bissau, um sinal para todos os países africanos de que é "importante que se avance na consolidação da democracia", afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, que hoje esteve reunida em Malabo com o secretário de Estado português da Cooperação, Luís Campos Ferreira.
A Guiné-Bissau "precisa de todo o apoio" e, "agora que regressaram à comunidade internacional" a UA deve ajudar o país a fiscalizar as suas águas, acrescentou a ministra ganesa, que se mostrou preocupada com a pirataria no Golfo da Guiné e a instabilidade em várias zonas costeiras da região.
"Agora que também descobrimos petróleo 'off-shore' também estamos em risco" de ataques, admitiu a ministra, que defende um maior envolvimento dos países do Golfo na patrulha conjunta da região.
"Queremos trabalhar com todos, e estamos a juntar os países da CEDEAO e da CEMAC (Comunidade Económica e Monetária da África Central)", afirmou Hanna Tetteh.
"É necessário abordar o assunto de um modo mais global" mas a causa também é relacionada com os "problemas económicos dos estados" da região e a "instabilidade de alguns", afirmou.
"Há muitas áfricas, temos 55 estados. E não podemos pintar África com as mesmas cores para todos" até porque há países que estão a ficar cada vez mais estados viáveis", que podem constituir "exemplos que outros países africanos podem seguir", acrescentou Hanna Tetteh.
A 23.ª cimeira de chefes de Estado e de governo da União Africana (UA), que se inicia hoje em Malabo, tem como tema central "Agricultura e Segurança Alimentar".
Durante os trabalhos, que terminam sexta-feira, a cimeira deve adotar uma Declaração sobre Crescimento da Agricultura e Objetivos até 2025.
Os chefes de Estado e de Governo da UA deverão ainda analisar propostas de alterações em órgãos como o Parlamento Panafricano e o Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos e discutir o projeto de estatutos do Fundo Monetário Africano.
A cimeira assinala também o regresso do Egito à UA, após a suspensão da organização devido à instabilidade interna.
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