domingo, 29 de junho de 2014

A "reforma do setor de defesa e de segurança" na Guiné-Bissau é o "problema fundamental" do país, afirmou o secretário executivo da Comissão Económica da ONU para África, o guineense Carlos Lopes, à Lusa.

Em entrevista à Agência Lusa em Malabo, capital da Guiné Equatorial, onde terminou sexta-feira uma cimeira da União Europeia, Carlos Lopes mostrou-se "orgulhoso com a forma como se realizaram as eleições" no seu país natal, Guiné-Bissau, mas defendeu a necessidade urgente de introduzir alterações no modelo de funcionamento do sistema de defesa e segurança do país.

"Nós não podemos perder esta oportunidade, mas estou um bocado preocupado com as tensões que reaparecem porque não resolvemos o problema fundamental, que é a reforma do setor de defesa e de segurança", afirmou Carlos Lopes.

O país tem sido palco de vários golpes de Estado, o último em 2012, e a normalização constitucional só se verificou em maio, com a eleição de um novo Presidente da República, José Mário Vaz, e um novo primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira. E foi em Malabo, que a Guiné-Bissau regressou às organizações internacionais, de onde havia sido suspensa.

"Acho que é fundamental haver uma reforma profunda do setor de defesa e de segurança porque está provado que é o principal problema do país", sublinhou Carlos Lopes, considerando que, sem isso, as eleições não são suficientes.

Até porque "nós somos relativamente bons a fazer eleições e todas as eleições da Guiné-Bissau sempre se realizaram sem problemas", disse o economista guineense, que também abordou a adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), na cimeira de julho, em Timor-Leste.

O processo tem sido abertamente criticado por várias organizações da sociedade civil, que contestam a entrada de um país que tem no espanhol o seu principal idioma e um regime considerado um dos mais ditatoriais do mundo.

Para Carlos Lopes, "as instituições tais como a CPLP e outras devem-se reger por definições de Estado e não de governo".

Por isso, o que deve estar em causa é avaliar se o país reúne condições para aderir e não o seu regime de governo.

"Se normalmente os Estados têm determinadas características que permitem a sua adesão, esse é que deve ser o critério e não o governo ou o regime", disse.

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