Artigo Publicado do Blogue Ditadura do Consenso
Russel Hanks, o encarregado de negócios (obscuros) da embaixada dos Estados Unidos da América (EUA) em Dakar, tem sido presença assídua na Guiné-Bissau nos últimos tempos. Essa presença, tornou-se particularmente mais visivel e intensa no periodo que antecedeu o golpe de estado de 12 de abril prolongando-se até a esta data. Russel esteve de novo em Bissau na semana passada.
O último episódio do forte envolvimento desse diplomata de causas pouco claras a favor do regime golpista de Bissau, foi o seu forte engajamento conjuntamente com senador Carson no lobby pro-regime para tentar fazer representar a Guiné-Bissau pelo actual presidente nomeado pela CEDEAO na ultima Assembleia Geral das NU em detrimento das autoridades guineenses legitimamente eleitas e reconhecidas pela esmagadora maioria da Comunidade Internacional com destaque para as NU, organização anfitriã do evento. O referido lobby contou até com a estranha e inusitada adesão do governo dos EUA ao lado das pretensões dos golpistas, mas em nada deu, pois foram humilhados, não chegando sequer a ter acesso as instalações unisenses.
Na verdade, existem efectivamente razões de interesse muito fortes nesse alinhamento de posições com o regime golpista de Bissau.
Segundo fontes seguras e dignas de crédito, a razão de ser da presença dessa polémica figura da diplomacia americana ao lado dos militares golpistas da Guiné-Bissau particularmente do general Antonio Injai, tem um alvo muito particular: o Contra Almirante, José Américo Bubo Na Tchuto.
De acordo com a mesma fonte, os EUA tem um particular interesse em ajustar contas com o C.A. José Américo Bubo Na Tchuto, pois além de ser reconhecido pelo governo estado-unidense como um perigoso Barão da Droga da Costa Ocidental, eles acusam o Contra Almirante de ter também ligações com algumas celulas da AQMI instaladas na Mauritânia, Guiné-Conakry e Gâmbia, onde, recorde-se, Bubo se refugiuou quase um ano.
Sobre este facto, convém lembrar o episódio dos três mauritanos, entre eles Sidi Ould Sindya, perigosos terroristas islamicos que assassinaram barbaramente um grupo de turistas franceses na Mauritânia. Depois de detidos pelas autoridades do seu pais, esses terroristas consiguiram evadir-se procurando o território guineense como refugio, fiando-se na desestructuração, inoperância e estado de corrupção que mina toda a estructura securitaria desse pais da africa ocidental. Porém, contrariamente ao que pensaram os fugitivos, eles foram identificados e detidos pelas autoridades guineenses, com a colaboração dos serviços secretos americanos, franceses, senegaleses e também guineenses, sendo entregues à custodia das autoridades nacionais de então.
Posteriormente esses três terroristas islâmicos sumiram misteriosamente das celas guineenses, sem que as autoridades de então pudessem dar uma resposta convincente sobre esse misterioso "desparecimento". Hoje, sabe-se que esses terroristas foram extirpados das celas a mando e pelos homens de Bubo Na Tchuto de quem passaram a ter protecção e garantia de segurança. Essa operação valeu a Bubo Na Tchuto um ganho de quase 3 milhões de dolares, aos quais se juntariam mais 2 milhões caso os conseguisse tirar da Guiné-Bissau.
Contudo, o mais grave nessa história vem depois. O governo norte-americano, ciente da perigosidade desses elementos, envia um dos seus elementos mais válidos e cotados da sua estrutura da DEA em África para seguir de perto e investigar esse caso. Na sua acção de seguimento aproximado ao chefe do grupo, Sidi O. Sidinya, o agente da DEA foi surpreendido pelos homens do C.A. Américo Bubo Na Tchuto. Detido na própria casa do Contra Almirante, foi espancado tentando tirar-lhe informações sobre a razão da sua presença nessas paragens da Guiné-Bissau, mas não cedeu. Mais tarde, convencido da desatenção dos guardas, tenta a fuga, mas teve pouca sorte, pois foi recapturado e morto a catanada pelos homens de Na Tchuto.
Mas, em tudo isso, uma marca estranha nessa morte chama a atenção dos americanos. O seu agente foi, provavelmente antes de sucumbir, degolado... um sinal de vingança arabo-islamico contra os infiéis... É a marca da AQMI, sinal de que Sidi Ould Seidyna estava com os homens do Almirante aquando da terrivel morte do seu agente (nota: depois de colocados em Uaque por Bubo Na Tchuto, eles foram recapturados com a ajuda dos seriços secretos norte-americanos e reenviados para a Mauritânia).
Por estes factos, o governo estado-unidense, por um lado vê Bubo Na Tchuto como um reconhecido e temido Barão da Droga, mas também, vêm-no como um perigoso colaborador da AQMI. Enfim, os EUA estão convencidos da participação de Bubo Na Tchuto, dos seus homens e de um dos terroristas da AQMI na morte de um dos seus melhores agentes na Africa Ocidental (omiti-se deliberadamente o nome do agente do DEA morto na Guiné-Bissau).
Em resumo, a conivência e empatia que alimenta a relação Russel/Antonio Injai, tem uma razão clara e perfeitamente perceptivel: conseguir, por conta dos EUA, a detenção e entrega ao seu governo do Almirante Bubo Na Tchuto.
A apresentação dessa razão importará naturalmente uma outra questão quase por instinto: porque razão é que o governo dos EUA está a colaborar com o golpista António Injai, se publicamente já foi afirmado pelas próprias autoridades estado-unidenses de que, Antonio Injai é, também, hoje, um poderoso e influente Barão da Droga de toda a Africa Ocidental, isto, para além de estar intrinsicamente ligado ao assassinato do antigo Presidente João Bernardo Vieira (Nino), segundo afirmações públicas recentes da própria Secretaria de Estado americana Hillary Clinton. Assim afirmou, dizendo que os EUA não poderiam aceitar nunca a nomeação de Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, uma pessoa que matou o Presidente do seu país. Essa declaração foi suficientemente difundida na imprensa internacional.
A resposta é simples para o governo estado-unidense: o Contra Almirante, José Américo Bubo Na Tchuto, para além de ser um narcotraficante à escala mundial (a acusação é deles) e sob alçada das suas autoridades judiciarias, participou com os seus homens na morte de um dos seus agentes em missão do governo americano, e para eles, Antonio Injai, o senhor de Bissau, é a unica pessoa que poderá deter Bubo por conta deles e entregá-lo à justiça norte-americana para ser julgado pelos crimes de que é acusado.
E pergunta-se: será que Antonio Injai ficará por lá sem que nada lhe aconteça ?. Não. Pensam os americanos que Antonio Injai será levado pelos acontecimentos que criou e pelos que inevitavelmente se seguirão, ou que, em momento oportuno, ultrapassado a fase Bubo Na Tchuto, terão o tempo de lhe fazer a folha. AAS
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