Comitê para a Proteção dos Jornalistas
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Autoridades da Guiné-Bissau expulsaram jornalista de um meio de comunicação que havia feito a cobertura sobre o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, visto aqui votando em uma eleição de 2012 na qual era o favorito para ganhar, mas perdeu. (AFP / Issouf Sanogo)
Nova York, 1º de novembro de 2012 - O Comitê para a Proteção dos Jornalistas condena a decisão tomada pelas autoridades da Guiné-Bissau na segunda-feira de expulsar o jornalista português Fernando Teixeira Gomes do país por sua cobertura crítica do governo de transição.
O Ministério das Comunicações enviou uma carta a Gomes, chefe do escritório da emissora estatal de Portugal Radiotelevisão Portuguesa (RTP) na capital guineense, Bissau, ordenando que ele deixasse o país na mesma semana, informou a agência de notícias France-Presse. O diretor de informação da RTP, Nuno Santos, disse ementrevista à agência de notícias portuguesa LUSA que Gomes deixaria a Guiné-Bissau e chegaria a Portugal na sexta-feira.
A AFP noticiou que Gomes foi acusado de publicar "reportagens hostis" ao governo. A RTP havia transmitido uma extensa cobertura do ex-primeiro-ministro exilado Carlos Gomes Junior (nenhuma relação com o jornalista), que criticava o governo e os militares, segundo jornalistas locais.
As relações entre Portugal e sua antiga colônia, Guiné-Bissau, deterioraram-se desde que o chefe militar guineense, general Antonio Indjai, encenou um golpe de Estado em 12 de abril, antes do segundo turno das eleições presidenciais marcado para 29 de abril. O ex-primeiro-ministro Gomes, que foi apoiado por Portugal, era o favorito para vencer o pleito, de acordo com as informações da imprensa. Durante o golpe, as tropas detiveram por nove horas o jornalista independente e blogueiro António Aly Silva de Bissau, depois que ele publicou fotos de militares em torno da residência do primeiro-ministro Gomes, segundo as informações da imprensa.
Depois que um acordo político foi alcançado, a junta militar transferiu o poder em maio para um governo civil de transição, que acusou Portugal de planejar o que descreveu com um fracassado contragolpe em outubro.
As eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau estão agendadas para abril de 2013.
Silva disse ao CPJ que soldados, em um carro sem identificação, visitaram sua casa na semana passada e ameaçaram matá-lo. Temendo por sua vida, Silva fugiu para se esconder.
"A expulsão de Fernando Teixeira Gomes é um retrocesso para a democracia antes das eleições presidenciais", disse o Coordenador de Defesa dos Jornalistas da África no CPJ, Mohamed Keita. "Também estamos alarmados com os relatos de intimidação oficial contra o jornalista autônomo António Aly Silva e responsabilizamos as autoridades guineenses por seu bem-estar".
Gomes é o segundo jornalista da RTP expulso da Guiné-Bissau. Em 2002, a RTP foi banida e o chefe do escritório da emissora, João Pereira da Silva, recebeu ordem de deixar o país depois que a estação foi acusada de transmitir "informações que poderiam denegrir a boa imagem da Guiné-Bissau no exterior" em um programa sobre um general que foi morto após liderar um golpe mal sucedido.
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