Bissau – O Presidente do Sindicato de base da Radiodifusão Nacional (RDN), descreveu a situação em que se encontra actualmente a estação estatal guineense como precariedade patrimonial, material e financeira, jamais vista ao longo dos 36 anos de existência.
Aliu Seidi falou no início desta, semana em conferência de imprensa, onde sublinhou que, neste momento, a RDN não dispõe de uma casa própria e funciona em instalações degradadas, património do Estado-maior da Marinha Nacional.
«A RDN funciona num edifício com cobertura e tecto danificados, o que permite a penetração das chuvas nos estúdios e nas cabines de locução», descreveu Aliu Seidi.
De acordo com este responsável sindical, acontece várias vezes o corte da comunicação entre os diversos serviços, devido ao volume de infiltrações acumuladas no interior do edifício.
Para ultrapassar esta realidade, Aliu Seidi disse ter feito vários contactos junto do Governo, o que não produziu ainda nenhum efeito.
Neste encontro com a imprensa o Presidente do Sindicato de Base da RDN reconheceu que as emissoras privadas e até as rádios comunitárias na Guiné-Bissau funcionam em melhores condições do que a RDN.
Como consequência da situação da precariedade em que se encontra a RDN, Aliu Seidi disse que as águas das chuvas têm atingido arquivos sonoros, nomeadamente as bobines dos arquivo gravados que remontam ao período da época colonial e da luta armada de libertação nacional.
«Sofremos danos irreparáveis em algumas destes materiais», referiu o Presidente do Sindicato de Base da RDN, acrescentando que também os fios eléctricos, os microfones e outros materiais provocam choques eléctricos, acabando por se transformarem num perigo para os trabalhadores de serviço.
Aliu Seidi explicou, por outro lado que, desde o incêndio ocorrido há um mês, a RDN ficou reduzida a apenas um Estúdio. A partir dessa data não se pode copiar nem difundir «registos magnéticos», ou seja, é uma «rádio sem som».
No que diz respeito às remunerações, Aliu Seide revelou que o Governo contraiu uma dívida com os trabalhadores, desde 1997, cujo título no valor de 35 milhões de Francos CFA não foi pago até esta data, assim como os subsídios dos trabalhadores, referentes ao período das Eleições Legislativas de 2005 e 2008, estimados em cerca de 10 milhões de Francos CFA.
«Apesar dos esforços do Sindicato de Base que incluem o encontro entre os trabalhadores da RDN e a Ministra da Comunicação Social, nenhuma melhoria se vislumbrou no horizonte», concluiu Aliu Seide.
O sindicalista não teve dúvida de que a RDN está mal posicionada e que a sua situação vai piorando.
Para se actualizar Aliu Seidi convidou o Primeiro-Ministro, Carlos Gomes Júnior, a visitar as instalações da emissora pública e constatar as condições em que os seus profissionais exercem.
Entretanto o sindicato agendou para esta sexta-feira, 4 de Novembro, um dia de solidariedade para os os trabalhadores em regime de estágios, que não recebem os seus subsídios há 16 meses.
«Dada a gravidade desta situação, o Comité Sindical de base agendou para esta sexta-feira um dia de solidariedade para com a referida classe de profissionais da comunicação social», lê-se no comunicado de imprensa a que a PNN teve acesso.
O encontro irá decorrer em frente das instalações da RDN, localizada no terminal da Avenida Domingos Ramos, entre as 9 e as 11 horas, seguido de uma declaração à imprensa.
Sumba Nansil
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